Mural na fronteira com EUA capta espírito dos mexicanos no limite
Tijuana, México, 12 Jul 2017 (AFP) - A imagem de uma mão estendida que convida ao aperto em meio a borboletas convive com a de um amontoado de crânios coroados por uma cruz azul. Neste mural mexicano, alegria e dor se intercalam, como a vida que acontece todos os dias.
Com dois quilômetros de extensão, essa singular obra candidata ao livro Guinness dos recordes vem sendo pintada pelos próprios habitantes de algumas das cidades que se erguem ao longo da fronteira noroeste do México com os Estados Unidos, partindo da mítica Tijuana, fronteiriça com San Diego.
Como apoio de tela para esse "Mural da Irmandade", vão sendo usados os inúmeros e diversos tipos de cercas que separam os dois países e que são testemunha de momentos de esperança e de tragédia.
"É um projeto que tenta vincular a arte com a sociedade, ao tentar fazer um mural artístico, social, no qual as pessoas possam chegar e colocar o que quiserem, o que tiverem em mente, o que se vive na fronteira", explica o criador e coordenador do projeto, Enrique Chiu.
De fato, esse "muro sobre o muro" está impregnado do espírito e do humor dos 2.000 habitantes da região. Desde dezembro do ano passado, esses moradores transformam pensamentos e emoções em imagens, frases, ou simplesmente deixam no mural a marca colorida e vibrante da palma das mãos.
Jovens, adultos e crianças aderiram ao projeto. Os mais profissionais usam pincéis, ou broxas especiais, enquanto os artistas urbanos preferem os sprays e o estilo mais moderno e audacioso do grafite.
- #NoWalls, #NoMuros -Os menos talentosos preferem escrever, em espanhol e em inglês, palavras como "união", "igualdade", "arte" e "liberdade".
O hashtag #NoWalls, ou #NoMuros, é um dos mais repetidos nessa obra coletiva, no momento em que o polêmico projeto do presidente americano, Donald Trump, de construir um denso muro ao longo da fronteira continua sendo um fator de tensão diplomática entre ambas as nações.
Em Tecate, enquanto pai, mãe e filha pintam juntos, vê-se, não longe dali, uma grande grade preta, reforçada por rolos de arame farpado - provavelmente a última e ameaçadora fronteira para o país vizinho.
Outras cidades também fronteiriças aderiram a esse espaço de arte, e o projeto ganha cada vez mais vida.
"Artistas, promotores, associações vêm falando comigo para fazer esse projeto em outros pontos de controle da fronteira", celebrou Chiu.
A cerca de Tijuana, uma das fronteiras de fluxo mais intenso do mundo, começou a ser construída em 1994 no governo do democrata Bill Clinton para combater a migração clandestina e foi ampliada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
O muro chega a atravessar a praia e entrar no mar, no Pacífico, e há zonas onde, a menos de dois metros, várias casas foram construídas com materiais frágeis como papelão. Seus moradores temem ficar desabrigados, caso Trump realmente construa seu polêmico muro.
Em pelo menos um terço dos mais de 3.200 quilômetros da fronteira foi construído algum tipo de barreira, além dos 21 mil agentes que vigiam a região com o apoio de "drones" e de outras tecnologias de ponta.
str-jla/jhb/sem/cd/tt
Com dois quilômetros de extensão, essa singular obra candidata ao livro Guinness dos recordes vem sendo pintada pelos próprios habitantes de algumas das cidades que se erguem ao longo da fronteira noroeste do México com os Estados Unidos, partindo da mítica Tijuana, fronteiriça com San Diego.
Como apoio de tela para esse "Mural da Irmandade", vão sendo usados os inúmeros e diversos tipos de cercas que separam os dois países e que são testemunha de momentos de esperança e de tragédia.
"É um projeto que tenta vincular a arte com a sociedade, ao tentar fazer um mural artístico, social, no qual as pessoas possam chegar e colocar o que quiserem, o que tiverem em mente, o que se vive na fronteira", explica o criador e coordenador do projeto, Enrique Chiu.
De fato, esse "muro sobre o muro" está impregnado do espírito e do humor dos 2.000 habitantes da região. Desde dezembro do ano passado, esses moradores transformam pensamentos e emoções em imagens, frases, ou simplesmente deixam no mural a marca colorida e vibrante da palma das mãos.
Jovens, adultos e crianças aderiram ao projeto. Os mais profissionais usam pincéis, ou broxas especiais, enquanto os artistas urbanos preferem os sprays e o estilo mais moderno e audacioso do grafite.
- #NoWalls, #NoMuros -Os menos talentosos preferem escrever, em espanhol e em inglês, palavras como "união", "igualdade", "arte" e "liberdade".
O hashtag #NoWalls, ou #NoMuros, é um dos mais repetidos nessa obra coletiva, no momento em que o polêmico projeto do presidente americano, Donald Trump, de construir um denso muro ao longo da fronteira continua sendo um fator de tensão diplomática entre ambas as nações.
Em Tecate, enquanto pai, mãe e filha pintam juntos, vê-se, não longe dali, uma grande grade preta, reforçada por rolos de arame farpado - provavelmente a última e ameaçadora fronteira para o país vizinho.
Outras cidades também fronteiriças aderiram a esse espaço de arte, e o projeto ganha cada vez mais vida.
"Artistas, promotores, associações vêm falando comigo para fazer esse projeto em outros pontos de controle da fronteira", celebrou Chiu.
A cerca de Tijuana, uma das fronteiras de fluxo mais intenso do mundo, começou a ser construída em 1994 no governo do democrata Bill Clinton para combater a migração clandestina e foi ampliada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
O muro chega a atravessar a praia e entrar no mar, no Pacífico, e há zonas onde, a menos de dois metros, várias casas foram construídas com materiais frágeis como papelão. Seus moradores temem ficar desabrigados, caso Trump realmente construa seu polêmico muro.
Em pelo menos um terço dos mais de 3.200 quilômetros da fronteira foi construído algum tipo de barreira, além dos 21 mil agentes que vigiam a região com o apoio de "drones" e de outras tecnologias de ponta.
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