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Rohingyas refugiados em Bangladesh precisam de ajuda 'maciça', alerta Acnur

24/09/2017 09h01

Cox's Bazar, Bangladesh, 24 Set 2017 (AFP) - Bangladesh precisa de uma ajuda internacional "maciça" para fornecer comida e abrigo para os mais de 430 mil rohingyas que fugiram de Mianmar nas últimas semanas, declarou neste domingo (24) o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

Filippo Grandi declarou que os desafios são "imensos", depois de visitar os campos de refugiados lotados em Cox's Bazar, no sul de Bangladesh.

"Fiquei chocado com a enorme amplitude de suas necessidades. Eles precisam de tudo, precisam de comida, água limpa, abrigo e cuidados sanitários dignos deste nome", disse à imprensa.

De acordo com um último relatório da ONU, 436.000 membros desta minoria muçulmana apátrida fugiram para Bangladesh nas últimas semanas para escapar de uma campanha de repressão conduzida pelo Exército birmanês, descrita como "limpeza étnica" pelas Nações Unidas.

Grandi ressaltou "a generosidade local incrível", mas considerou ser necessário "fortalecê-la com uma enorme ajuda financeira, material e internacional".

O comissário acrescentou que o fluxo de chegadas diminuiu nos últimos dias, mas que ainda não é possível saber se havia parado.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) presta "assistência técnica" para ajudar Bangladesh a registrar rohingyas, que Mianmar considera imigrantes ilegais.

As autoridades de Bangladesh consideram como refugiados apenas uma pequena fração dos 700 mil rohingyas que vivem nos campos perto da fronteira com Mianmar, enquanto os demais são vistos como cidadãos birmaneses sem documentos.

Bangladesh não planeja, "por enquanto", conceder status de refugiado aos rohingyas recentemente chegados, advertiu Amir Hossain Amu, ministro responsável pela Segurança Nacional. "Queremos que os rohingyas retornem à sua própria terra", ressaltou.

Bangladesh começou a distribuir documentos de identificação aos recém-chegados e a registrar seus dados biométricos, um processo que deverá demorar vários meses.

No entanto, o país proibiu as operadoras de telefonia móvel de vender seus serviços aos refugiados, por motivos de segurança, segundo as autoridades locais.

Os quatro provedores de telefonia móvel de Bangladesh serão multados, caso desrespeitem esta ordem.

A ministra das Telecomunicações, Tarana Halim, justificou esta decisão, aplicada desde sábado à noite, por motivos de segurança.

Muitos rohingyas esperam poder voltar para Mianmar. A líder birmanesa Aung San Suu Kyi se disse pronta para organizar o retorno daqueles com status de refugiado, mas não forneceu maiores detalhes sobre seus planos.

Grandi espera que a ajuda fornecida pela ONU para o processo de registro dos rohingyas aporte "a credibilidade necessária, o que é urgente, não apenas para o repatriamento, mas também para a ajuda humanitária".

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