Eleição presidencial no Quênia, boicotada pela oposição, mata quatro
Nairóbi, 26 Out 2017 (AFP) - Os quenianos votavam nesta quinta-feira (26) em um tensa eleição presidencial, boicotada pela oposição e já marcada pela morte de quatro pessoas em violentos confrontos com a Polícia.
Convocados após a anulação das eleições presidenciais de agosto, esperava-se que nestas eleições fosse reeleito com ampla vantagem o presidente Uhuru Kenyatta, de 56 anos, diante do boicote de seu principal opositor, Raila Odinga, de 72 anos.
Kenyatta esperava contar com uma ampla participação para ter uma certa legitimidade democrática, mas os eleitores evitaram as urnas em grande medida.
Às 17H00 locais (12H00 de Brasília) a participação era de 48%, uma forte queda com relação aos 79% das eleições de agosto - invalidados pela justiça por "irregularidades" -, anunciou o presidente da comissão eleitoral (IEBC), Wafula Chebukati.
Quase 19,6 milhões de eleitores estavam em tese convocados às urnas em 40.883 seções de votação em todo o país.
- "Estão atirando em nós" -O líder opositor, Raila Odinga, que em 10 de outubro retirou sua candidatura, chamou seus partidários a boicotar as eleições "ficando em casa", avaliando que as condições para uma consulta transparente e justa não estavam reunidas.
Mas nem todos os partidários seguiram a orientação. E ao contrário da votação de agosto, que transcorreu em calma, nesta quinta-feira houve vários confrontos violentos entre opositores e a Polícia.
Ao menos quatro pessoas morreram atingidas por tiro e dezenas ficaram feridas, segundo fontes policiais e hospitalares. Três homens morreram na comunidade de Mathare em Nairóbi e nas cidades de Kisumu e Homa Bay, no oeste.
A Polícia informou à noite que outra pessoa morreu devido a um ferimento em uma perna em Kisumu.
Segundo o chefe do IEBC, ao menos 87% das seções eleitorais abriram. Mas no oeste, a maioria permaneceu fechada, já que o material para a campanha não tinha chegado e os agentes eleitorais temiam por sua segurança.
Isso levou a Comissão Eleitoral a adiar a votação até o sábado em quatro comarcas do país.
"É uma loucura, estão atirando em nós. Nos manifestamos e atiram em nós. Que tipo de país é este?", declarou à AFP Samuel Okot, de 20 anos, que estava em um hospital de Kisumu com um amigo ferido a bala em um joelho.
"Não queremos esta eleição, não gostamos de Kenyatta, o que queremos é a mudança. Que a IEBC faça reformas e depois eleições verdadeiras", disse à AFP Joseph Ochyeng, um manifestante de 26 anos em Kisumu.
Diante de novas eleições, a IEBC fez algumas reformas, mas a oposição avalia que a instância é parcial e majoritariamente controlada pelo governo.
Mais de 40 pessoas morreram desde 8 de agosto, a maioria pela repressão policial, segundo as ONGs.
Em 8 de agosto, Kenyatta venceu com 54,27% dos votos contra 44,74% para Odinga. Mas as eleições foram invalidadas pela Suprema Corte, que detectou irregularidades na transmissão de resultados, responsabilizando a IEBC.
- Consulta sem garantias -Odinga, candidato às presidenciais em 1997, 2007 e 2013, pressionou para que a Comissão Eleitoral fizesse reformas, que considerou tímidas.
Ele anunciou que retirava sua candidatura, mas seu nome foi mantido nas cédulas eleitorais, junto com os de outros candidatos.
Antes desta quinta-feira, o próprio presidente da Comissão, Wafula Chebukati, admitiu que a instância não podia garantir eleições confiáveis.
Kenyatta, líder da etnia kikuyu, majoritária no país e filho do pai da independência, Jomo Kenyatta, seria reeleito, embora não de forma imediata pela quantidade de recursos que a oposição poderia interpor.
É a pior crise política da última década. As profundas divisões sociais e étnicas do Quênia, um país com 48 milhões de habitantes, ressurgiram.
Teme-se que se reproduzam os incidentes desatados depois das presidenciais de 2007, que mergulhou o país na pior violência política e étnica desde sua independência em 1963, que deixou 1.100 mortos.
bur-cyb/lp/pa/age/mb/sgf/mvv
Convocados após a anulação das eleições presidenciais de agosto, esperava-se que nestas eleições fosse reeleito com ampla vantagem o presidente Uhuru Kenyatta, de 56 anos, diante do boicote de seu principal opositor, Raila Odinga, de 72 anos.
Kenyatta esperava contar com uma ampla participação para ter uma certa legitimidade democrática, mas os eleitores evitaram as urnas em grande medida.
Às 17H00 locais (12H00 de Brasília) a participação era de 48%, uma forte queda com relação aos 79% das eleições de agosto - invalidados pela justiça por "irregularidades" -, anunciou o presidente da comissão eleitoral (IEBC), Wafula Chebukati.
Quase 19,6 milhões de eleitores estavam em tese convocados às urnas em 40.883 seções de votação em todo o país.
- "Estão atirando em nós" -O líder opositor, Raila Odinga, que em 10 de outubro retirou sua candidatura, chamou seus partidários a boicotar as eleições "ficando em casa", avaliando que as condições para uma consulta transparente e justa não estavam reunidas.
Mas nem todos os partidários seguiram a orientação. E ao contrário da votação de agosto, que transcorreu em calma, nesta quinta-feira houve vários confrontos violentos entre opositores e a Polícia.
Ao menos quatro pessoas morreram atingidas por tiro e dezenas ficaram feridas, segundo fontes policiais e hospitalares. Três homens morreram na comunidade de Mathare em Nairóbi e nas cidades de Kisumu e Homa Bay, no oeste.
A Polícia informou à noite que outra pessoa morreu devido a um ferimento em uma perna em Kisumu.
Segundo o chefe do IEBC, ao menos 87% das seções eleitorais abriram. Mas no oeste, a maioria permaneceu fechada, já que o material para a campanha não tinha chegado e os agentes eleitorais temiam por sua segurança.
Isso levou a Comissão Eleitoral a adiar a votação até o sábado em quatro comarcas do país.
"É uma loucura, estão atirando em nós. Nos manifestamos e atiram em nós. Que tipo de país é este?", declarou à AFP Samuel Okot, de 20 anos, que estava em um hospital de Kisumu com um amigo ferido a bala em um joelho.
"Não queremos esta eleição, não gostamos de Kenyatta, o que queremos é a mudança. Que a IEBC faça reformas e depois eleições verdadeiras", disse à AFP Joseph Ochyeng, um manifestante de 26 anos em Kisumu.
Diante de novas eleições, a IEBC fez algumas reformas, mas a oposição avalia que a instância é parcial e majoritariamente controlada pelo governo.
Mais de 40 pessoas morreram desde 8 de agosto, a maioria pela repressão policial, segundo as ONGs.
Em 8 de agosto, Kenyatta venceu com 54,27% dos votos contra 44,74% para Odinga. Mas as eleições foram invalidadas pela Suprema Corte, que detectou irregularidades na transmissão de resultados, responsabilizando a IEBC.
- Consulta sem garantias -Odinga, candidato às presidenciais em 1997, 2007 e 2013, pressionou para que a Comissão Eleitoral fizesse reformas, que considerou tímidas.
Ele anunciou que retirava sua candidatura, mas seu nome foi mantido nas cédulas eleitorais, junto com os de outros candidatos.
Antes desta quinta-feira, o próprio presidente da Comissão, Wafula Chebukati, admitiu que a instância não podia garantir eleições confiáveis.
Kenyatta, líder da etnia kikuyu, majoritária no país e filho do pai da independência, Jomo Kenyatta, seria reeleito, embora não de forma imediata pela quantidade de recursos que a oposição poderia interpor.
É a pior crise política da última década. As profundas divisões sociais e étnicas do Quênia, um país com 48 milhões de habitantes, ressurgiram.
Teme-se que se reproduzam os incidentes desatados depois das presidenciais de 2007, que mergulhou o país na pior violência política e étnica desde sua independência em 1963, que deixou 1.100 mortos.
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