Refugiados se negam a deixar campo fechado na Austrália por medo de ataques
Sydney, 31 Out 2017 (AFP) - Apesar dos cortes no abastecimento de víveres, água e eletricidade, centenas de solicitantes de asilo se negaram a deixar um campo de retenção administrado pela Austrália na ilha de Papua Nova Guiné e fechado pelas autoridades nesta terça-feira (31).
Os funcionários do campo de retenção da ilha de Manus já abandonaram o local. Um migrante contou que os estrangeiros deixados nessa instalação preferiram se trancar ali, com medo do que poderia acontecer se saíssem.
Camberra dirige uma política muito dura em relação aos imigrantes que tentam chegar ao seu litoral de forma irregular, confinando-os nos acampamentos em Manus, ou no microestado insular de Nauru.
A Austrália justifica sua política, evocando a luta contra os coiotes e a necessidade de dissuadir os migrantes - procedentes de Irã, Iraque, Somália e Afeganistão, em sua maioria - de embarcar na perigosa travessia.
O país não aceita nenhum refugiado que chegue pelo mar em seu território, nem mesmo aqueles que cumprem os critérios do direito ao refúgio.
Os defensores dos Direitos Humanos pedem há anos o fechamento desses campos, denunciando os graves problemas psicológicos dos detidos, as tentativas de automutilação e de suicídio.
No ano passado, a Justiça de Papua Nova Guiné determinou que a detenção de refugiados em Manus e em Camberra era anticonstitucional e aceitou o fechamento do campo, onde se encontram mais de 600 pessoas, antes do fim de outubro.
As autoridades determinaram sua transferência para três centros "de transição", também em Manus. O Exército de Papua Nova Guiné deverá tomar o controle do acampamento a partir de agora.
Muitos refugiados se fecharam no campo, enquanto a imprensa informa sobre a hostilidade da população local.
- Não são bem-vindos -"Os refugiados se mostram intransigentes e se negam a sair do centro. Têm medo, mas se recusam a ir embora", declarou Behruz Boochani, iraniano, no Twitter.
"A eletricidade será cortada depois das 17h. Os refugiados sabem que será muito difícil continuar ali, ficaremos pacificamente", declarou, acrescentando que eles trancaram a porta com a chave por dentro, "para sua própria proteção".
"Não há nenhuma segurança aqui", completou.
Alguns refugiados declararam à Fairfax Media que os moradores locais haviam começado a saquear o campo sob o olhar impassível das autoridades.
O ministro australiano de Imigração, Peter Dutton, ressaltou que os solicitantes de refúgio não são bem-vindos à Austrália.
Foram informados de "que havia lugares alternativos, seguros, nos quais serão mantidos os serviços de saúde e outros", declarou em um comunicado, insistindo em que "jamais se realocará um [refugiado] aqui".
Os defensores de direitos humanos afirmam que esses centros de transição não são considerados seguros e que os refugiados estão indefesos diante da agressividade dos moradores.
"São vulneráveis aos ataques dos moradores. Já tivemos muitas vítimas por causa desse tipo de ataque", disse à AFP Ian Rintoul, ativista de Direitos Humanos.
Rintoul afirmou que um recurso foi interposto ao Supremo Tribunal Supremo de Papua Nova Guiné para impedir o fechamento do campo e exigir que se restabeleça o fornecimento de água e de eletricidade. Além disso, ele afirmou que existe um "medo real" de que o Exército seja autorizado a usar a força contra os migrantes.
Os funcionários do campo de retenção da ilha de Manus já abandonaram o local. Um migrante contou que os estrangeiros deixados nessa instalação preferiram se trancar ali, com medo do que poderia acontecer se saíssem.
Camberra dirige uma política muito dura em relação aos imigrantes que tentam chegar ao seu litoral de forma irregular, confinando-os nos acampamentos em Manus, ou no microestado insular de Nauru.
A Austrália justifica sua política, evocando a luta contra os coiotes e a necessidade de dissuadir os migrantes - procedentes de Irã, Iraque, Somália e Afeganistão, em sua maioria - de embarcar na perigosa travessia.
O país não aceita nenhum refugiado que chegue pelo mar em seu território, nem mesmo aqueles que cumprem os critérios do direito ao refúgio.
Os defensores dos Direitos Humanos pedem há anos o fechamento desses campos, denunciando os graves problemas psicológicos dos detidos, as tentativas de automutilação e de suicídio.
No ano passado, a Justiça de Papua Nova Guiné determinou que a detenção de refugiados em Manus e em Camberra era anticonstitucional e aceitou o fechamento do campo, onde se encontram mais de 600 pessoas, antes do fim de outubro.
As autoridades determinaram sua transferência para três centros "de transição", também em Manus. O Exército de Papua Nova Guiné deverá tomar o controle do acampamento a partir de agora.
Muitos refugiados se fecharam no campo, enquanto a imprensa informa sobre a hostilidade da população local.
- Não são bem-vindos -"Os refugiados se mostram intransigentes e se negam a sair do centro. Têm medo, mas se recusam a ir embora", declarou Behruz Boochani, iraniano, no Twitter.
"A eletricidade será cortada depois das 17h. Os refugiados sabem que será muito difícil continuar ali, ficaremos pacificamente", declarou, acrescentando que eles trancaram a porta com a chave por dentro, "para sua própria proteção".
"Não há nenhuma segurança aqui", completou.
Alguns refugiados declararam à Fairfax Media que os moradores locais haviam começado a saquear o campo sob o olhar impassível das autoridades.
O ministro australiano de Imigração, Peter Dutton, ressaltou que os solicitantes de refúgio não são bem-vindos à Austrália.
Foram informados de "que havia lugares alternativos, seguros, nos quais serão mantidos os serviços de saúde e outros", declarou em um comunicado, insistindo em que "jamais se realocará um [refugiado] aqui".
Os defensores de direitos humanos afirmam que esses centros de transição não são considerados seguros e que os refugiados estão indefesos diante da agressividade dos moradores.
"São vulneráveis aos ataques dos moradores. Já tivemos muitas vítimas por causa desse tipo de ataque", disse à AFP Ian Rintoul, ativista de Direitos Humanos.
Rintoul afirmou que um recurso foi interposto ao Supremo Tribunal Supremo de Papua Nova Guiné para impedir o fechamento do campo e exigir que se restabeleça o fornecimento de água e de eletricidade. Além disso, ele afirmou que existe um "medo real" de que o Exército seja autorizado a usar a força contra os migrantes.
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