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Opositor denuncia tentativa de alterar resultado eleitoral em Honduras

28/11/2017 19h54

Tegucigalpa, 28 Nov 2017 (AFP) - O candidato opositor Salvador Nasralla acusou nesta terça-feira (28) o presidente, Juan Orlando Hernández, de tentar mudar os resultados das eleições de domingo em Honduras, com o apoio da autoridade eleitoral, os meios de comunicação e as Forças Armadas.

Em entrevista à AFP, Nasralla disse que há indícios de que o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) "está fabricando" novas atas para mudar o resultado em favor de Hernández, que se postulou a reeleição pelo Partido Nacional (PN, direita).

Segundo Nasralla, o mandatário têm controle sobre seis partidos minoritários que disputaram a presidência, e que "os utiliza para adulterar os resultados" e assegurar sua vitória.

"O que ele (Hernández) espera é praticamente um instinto de sobrevivência. Ele sabe que se não continuar como presidente vão extraditá-lo do país. Esse é o problema que ele tem", argumentou Nasralla, um popular apresentador de televisão, sem experiência política.

Hernández "tenta criar um caos para obrigar a (decretar) um estado de exceção e tomar o controle junto com as pessoas que o apoiam e as Forças Armadas".

- "Vitória arrebatada" -Nos primeiros resultados divulgados na madrugada de segunda-feira, com 57% dos votos, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) deu a Nasralla uma vantagem de cinco pontos.

Posteriormente interrompeu a transmissão e anunciou que o restante se contabilizaria com as atas físicas transportadas à capital.

Nesta terça-feira, o TSE começou a disponibilizar dados conforme a apuração avançava. Com 61,44% dos votos apurados, Nasralla aparece com 44,35%, contra 40,52% de Hernández.

Em entrevista coletiva, Hernández pediu paciência com a contagem lenta do tribunal e garantiu que sua própria tabulação dos lhe dá uma estreita vitória.

Nasralla disse que espera poder conferir a totalidade das atas originais para comparar os resultados com os publicados pelo TSE.

Ele lembrou que as cópias das atas que foram transmitidas estão em poder dos partidos da aliança, da cúpula empresarial, das missões de observadores da OEA, da União Europeia e da embaixada dos Estados Unidos.

O presidente, "ao ter o controle dos meios de comunicação, vai fazer valer as atas que lhe convêm, alterando a vontade popular", denunciou Nasralla.

Anunciou que como último recurso irá à comunidade internacional para apresentar as denúncias de que lhe "arrebataram a vitória".