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Catalunha decide separatismo em eleições excepcionais

20/12/2017 11h52

Barcelona, 20 dez 2017 (AFP) - Uma sociedade catalã profundamente dividida decide nesta quinta-feira (21) se renova, ou não, sua confiança nos separatistas, em eleições regionais excepcionais convocadas após a destituição de seu Executivo, cujo presidente, Carles Puigdemont, está na Bélgica, e parte de seu governo, preso.

Cinco milhões e meio de catalães são esperados nas urnas nessa eleição convocada pelo governo central de Mariano Rajoy depois de aplicar o artigo constitucional 155.

A medida permitiu a Rajoy destituir o Executivo catalão e dissolver o Parlamento, depois que a Casa proclamou independência, em meio à maior crise política vivida pela Espanha desde a restauração da democracia.

As pesquisas apontam dois partidos como favoritos: os separatistas da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), cujo líder, Oriol Junqueras, está em prisão preventiva como suspeito de sedição e de rebelição; e o Ciudadanos, um partido favorável à unidade da Espanha e primeira força de oposição na Câmara em final de mandato.

Simultaneamente, as mesmas enquetes preveem que nenhum dos dois poderá governar sozinho.

- Uma mulher à frente da Generalitat? -Também está em jogo a possibilidade de que uma mulher acabe presidindo a Generalitat pela primeira vez: Inés Arrimadas, de 36 anos, do Ciudadanos, nascida na Andaluzia (sul) e estabelecida na Catalunha há mais de uma década; ou Marta Rovira, da ERC, de 40, oriunda de Vic, um reduto nacionalista catalão.

Hoje, é o tradicional dia de reflexão que antece as eleições, e não há atividade política.

Nos atos de encerramento da campanha, na terça à noite, Puigdemont - candidato da plataforma separatista recém-criada Juntos pela Catalunha - discursou, insistindo em que os únicos resultados aceitáveis são sua reeleição. Levantou dúvidas sobre sua reação a uma vitória de seu até agora sócio de governo, a ERC.

"Se ganhar as eleições e for empossado como presidente, entrarei no Palácio da Generalitat com todo governo legítimo", afirmou.

O resultado deve ser "que o presidente e o governo que foram interrompidos voltem. Qualquer outra coisa é uma derrota, não uma derrota por alguns anos, mas por décadas".

"Estas não são eleições normais", avisou Puigdemont em videoconferência.

"Não está em jogo quem ganha as eleições, mas se vence o país, ou Rajoy", completou.

Já Rovira disse que "não permitiram que Oriol Junqueras participasse da campanha eleitoral porque lhes dá medo, porque é o melhor candidato".

- Temor de interferências -As seções eleitorais ficarão abertas de 9h (6h, horário de Brasília) a 20h (17h, em Brasília). Não haverá pesquisa de boca de urna, mas a expectativa é que a contagem dos votos já tenha avançado o suficiente até as 22h (19h, em Brasília) para se ter ideia do ganhador.

Para evitar possíveis interferências externas, o órgão responsável pela apuração anunciou que os resultados serão postados on-line apenas no último momento. Alguns separatistas chegaram a falar na possibilidade de fraude eleitoral.

O governo central rejeita a acusação de forma categórica.

"Não há um único elemento informatizado no processo. Isso quer dizer que é impossível que um ataque informático possa gerar problemas na hora da contagem", disse uma fonte do governo Rajoy.