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Vaticano repreende cardeal de Hong Kong que criticou relação com China

31/01/2018 09h33

Pequim, 31 Jan 2018 (AFP) - O Vaticano repreendeu um cardeal de Hong Kong que acusou a Santa Sé de "vender" a Igreja a Pequim por supostamente promover bispos apoiados pelo governo chinês.

Apesar de uma relação melhor entre Pequim e Vaticano nos últimos anos, paralela ao aumento da população católica na China, os dois lados não chegam a um acordo sobre a que parte corresponde a ordenação de bispos.

O cardeal Joseph Zen, arcebispo emérito da região semiautônoma de Hong Kong, confirmou uma informação publicada pelo site AsiaNews de que um alto diplomata do Vaticano pediu sua aposentadoria para ceder o posto ao bispo Joseph Huang Bingzhang, nomeado sem o aval do papa e inclusive excomungado em 2011.

"Se acredito que o Vaticano está vendendo a Igreja Católica na China? Sim, claramente", afirmou Zen em uma carta aberta publicada no Facebook na segunda-feira, na qual indica que o governo comunista adotou "regras mais duras que limitam a liberdade religiosa".

O cardeal também deu a entender que o papa Francisco não estava a par de uma decisão que não aprova, uma acusação rebatida na terça-feira pelo porta-voz do Vaticano, Greg Burke.

"O papa está em contato constante com seus colaboradores, sobretudo na Secretaria de Estado, sobre as questões relativas a China", afirmou Burke em um comunicado, segundo o qual o papa Francisco era informado "fielmente e em detalhes".

"Portanto é surpreendente e lamentável que as pessoas da Igreja afirmem o contrário, gerando confusão e controvérsia", destacou.

O porta-voz não fez nenhum comentário sobre uma possível reabilitação de um bispo excomungado a pedido das autoridades chinesas.

Os quase 12 milhões de católicos chineses estão divididos entre uma associação administrada pelo governo, na qual o clero é eleito pelo Partido Comunista, e uma igreja não oficial que jura lealdade ao Vaticano.

China e Vaticano romperam relações diplomáticas em 1951, mas Francisco tenta melhorar as relações desde que se tornou papa, em 2013.

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