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Ataque atribuído ao ELN deixa cinco militares mortos na Colômbia

27/02/2018 15h11

Bogotá, 27 Fev 2018 (AFP) - Cinco militares morreram e 10 ficaram feridos em um ataque com explosivos atribuído a membros rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e realizado nesta terça-feira na fronteira entre Colômbia e Venezuela.

Os soldados se deslocavam em caravana quando a carga explosiva foi ativada na passagem do primeiro veículo, segundo o comandante do exército, general Ricardo Gómez.

"Temos cinco homens mortos e dez feridos. Eles cumpriam uma atividade operacional de controle de rotas na zona rural do município de Tibú", no departamento de Norte de Santander, declaró o oficial à W Radio.

Gómez assinalou que o ELN como provável responsável pelo ataque, que acontece 24 horas depois desse grupo guerrilheiro anunciar uma trégua unilateral entre 9 e 13 de março, por ocasião das legislativas de domingo, dia 11.

"A hipótese mais provável aponta para a Frente Juan Fernando Porras Martínez, chefiada por Gonzalo Satélite, que já atuam nesse setor", acrescentou o chefe militar.

O presidente Juan Manuel Santos expressou seu rechaço frente a esta ação, que colocou uma vez mais em risco o futuro das negociações de paz com o ELN.

"Repudio em absoluto o covarde atenado contra nossos heróis em Norte de Santander. Toda minha solidaridade para com as vítimas", escreveu o chefe de Estado em seu Twitter.

- Demonstração de força -A nova demonstração de força do ELN acontece a 40 km da fronteira com a Venezuela, e faz parte de uma intensificação do conflito depois de um cessar-fogo bilateral em 10 de fevereiro.

Em função de vários atentados com explosivos, que deixaram militares mortos, o governo de Santos congelou os diálogos de paz com o ELN.

Mas, na véspera, o comando do ELN anunciou um cessar-fogo de suas atividades armadas durante as eleições legislativas.

A última guerrilha da Colômbia também defendeu a retomada dos diálogos de paz com o governo Santos.

As conversações foram instaladas em Quito há um ano.

Ambas as partes se mostraram dispostas a acertar um novo cessar-fogo e retomar os diálogos, no entanto a delegação governamental permanece na Colômbia.

"Propomos ao presidente Santos fixar uma data de início do Quinto Ciclo de conversações para que envie sua Delegação de Diálogo a Quito", assinalou o ELN em seu comunicado.

O presidente colombiano, Prêmio Nobel da Paz 2016 por seus esforços para finalizar o confronto armado em seu país, busca alcançar com o ELN um acordo similar ao assinado no final de 2016 com as Farc, já desarmadas e transformadas em partido político.

Depois do histórico pacto, as ex-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) participarão nas eleições legislativas de março e nas presidenciais de maio, nas quais os colombianos elegerão o sucessor de Santos.

Os ex-guerrilheiros têm garantidos 10 cadeiras no Congresso, apesar de terem de participar igualmente na votação, segundo o combinado depois de quatro anos de negociações em Havana.

Santos, que em agosto conclui seu segundo mandato de quatro anos, está impedido por lei de se candidatar a outro período presidencial.

A Colômbia quer por fim a um conflito armado que em meio século deixou cerca de oito milhões de vítimas entre mortos, desaparecidos e deslocados.