Sobreviventes de massacre na Flórida têm triste retorno às aulas
Parkland, Estados Unidos, 1 Mar 2018 (AFP) - Chorosos, desafiadores e rodeados de mensagens de apoio, flores e uma forte presença policial, os estudantes voltaram nesta quarta-feira (28) em sua escola em Parkland, na Flórida, onde um ex-aluno matou 17 pessoas há duas semanas.
Ao sair da escola Marjory Stoneman Douglas (MSD) nesta cidade ao norte de Miami, alguns estudantes se mostravam sombrios e falavam em tom grave e monótono, olhando para o chão.
Uma delas foi Kimberly Miller, de 14 anos, cujo professor de Geografia, Scott Beigel, foi um dos 17 mortos em 14 de fevereiro pelas mãos do ex-aluno Nikolas Cruz, de 19 anos.
"É muito trieste porque meu professor de Geografia não estava ali e tivemos que ir para outra sala e falar com as pessoas", contou à AFP. Mas "havia muitos terapeutas e se você ficasse triste podia sair da aula e conversar com alguém para passar a dor".
Cerca de 95% dos 3.300 alunos da MSD foram à escola nesta quarta-feira, disse em coletiva de imprensa o superintendente de escolas do condado de Broward, Robert Runcie.
"Demos um passo importante no processo de recuperação", assinalou. Os estudantes "continuam sendo jovens inspiradores e seguem nos mostrando sua força".
No início da manhã, dezenas de policiais e equipes da SWAT se alinharam nas calçadas para saudar os alunos, um a um, com um "bom dia". Na saída, um grupo de policiais entregava flores e duas mulheres distribuíam biscoitos.
William, de 17 anos, não quis dar seu sobrenome. Dois de seus colegas de classe, Nicholas Dworet e Meadow Pollack, faleceram no massacre.
"Foi muito triste voltar e não ver meus amigos. (...) É tudo um pouco esmagador", declarou.
Os professores não deram aulas convencionais, mas se dedicaram a debater o ocorrido. Cerca de 150 terapeutas estavam disponíveis se os estudantes se sentissem mal.
"O que será se isso acontecer de novo?", se questionou Alan, de 15 anos, e que tampouco quis dar seu sobrenome.
Para animá-los, centenas de vizinhos e ex-alunos os receberam pela manhã com cartazes escritos "Nós amamos vocês" e "Estamos com vocês".
"Pode ser muito difícil para eles voltarem às aulas", afirmou a psiquiatra Nicole Mavrides, da Universidade de Miami e integrante da equipe de Ciência do Comportamento que enviou terapeutas de dor para Parkland.
"Mas é preciso que saibam que ninguém está esperando que seja fácil, é preciso dizer a eles que está tudo bem ter medo, e que tudo bem que sintam raiva", afirmou Mavrides à AFP.
- #NeverAgainO massacre gerou um novo clamor pelo controle das armas no país. A cada ano, ocorrem cerca de 33 mil mortes.
Usando o hastag #NeverAgain, os sobreviventes pressionam os políticos de Washington e da Flórida para que restrinjam o acesso às armas e proíbam a venda de fuzis semiautomáticos como o AR-15 usado por Cruz.
Durante anos, o Congresso americano esteve paralisado neste tema, ainda que as pesquisas mostrem que a maioria da dos americanos apoia um controle mais estrito.
Mas a poderosa Associação Nacional do Rifle (NRA) exerce pressão em Washington e financia políticos para garantir a livre venda e o porte de armas, assegurados na Constituição, não sejam ameaçados.
O presidente Donald Trump realizou uma reunião com políticos republicanos e democratas na Casa Branca, na qual destacou que "é preciso fazer algo a respeito".
Trump reafirmou seu apoio a um reforço nos controles de antecedentes de compradores de armas, ao aumento da segurança nas escolas e à elevação, para 21 anos, da idade para a aquisição de certas armas.
Em determinado momento, se dirigiu a um senador republicano e disse: "você tem medo da NRA".
Os legisladores republicanos - maioria nos Congressos de Washington e Flórida - são contrários a implementar reformas importantes na venda de armas.
No entanto, alguns comerciantes também pressionam. Nesta quarta-feira, a loja de armas Dick's Sporting Goods anunciou que estava pondo fim imediato à venda de fuzis semiautomáticos e que não venderá mais armas para menores de 21 anos.
Já a rede de lojas de departamento Walmart anunciou a elevação da idade para a compra de armas em suas unidades para 21 anos.
Desde 2015, a Walmart já não vende fuzis de assalto semiautomáticos ou armas curtas, exceto no Alasca. Seu objetivo sempre foi atender "os esportistas e caçadores".
- Um mundo malvado -Trump propôs armar e treinar alguns professores para que, supostamente, possam defender os alunos em caso de ataque.
Andrew Pollack, pai de Meadow - que morreu aos 18 anos -, foi à escola em Parkland para advogar por esta causa.
"Vou fazer com que aprovem esta lei (...) Serei o rosto do último pai de um jovem assassinado", disse a um grupo de jornalistas.
Esta semana o Congresso da Flórida discute várias medidas destinadas a limitar parcialmente o acesso às armas, embora nem estas nem um plano do governador Rick Scott contemplem proibir os fuzis semiautomáticos.
Na terça-feira, um comitê da Câmara baixa da Flórida aprovou uma proposta de armas e treinar alguns professores. Esta será incluída como parte do pacote de medidas que será discutido em plenário nesta semana.
"Se você não quer enviar seu filho a uma escola onde há alguém armado, procure uma escola livre de armas", declarou Pollack. "Tenho um filho vivo e vou levá-lo a uma escola onde haja armas, para que fique protegido, porque vivemos em um mundo malvado".
Ao sair da escola Marjory Stoneman Douglas (MSD) nesta cidade ao norte de Miami, alguns estudantes se mostravam sombrios e falavam em tom grave e monótono, olhando para o chão.
Uma delas foi Kimberly Miller, de 14 anos, cujo professor de Geografia, Scott Beigel, foi um dos 17 mortos em 14 de fevereiro pelas mãos do ex-aluno Nikolas Cruz, de 19 anos.
"É muito trieste porque meu professor de Geografia não estava ali e tivemos que ir para outra sala e falar com as pessoas", contou à AFP. Mas "havia muitos terapeutas e se você ficasse triste podia sair da aula e conversar com alguém para passar a dor".
Cerca de 95% dos 3.300 alunos da MSD foram à escola nesta quarta-feira, disse em coletiva de imprensa o superintendente de escolas do condado de Broward, Robert Runcie.
"Demos um passo importante no processo de recuperação", assinalou. Os estudantes "continuam sendo jovens inspiradores e seguem nos mostrando sua força".
No início da manhã, dezenas de policiais e equipes da SWAT se alinharam nas calçadas para saudar os alunos, um a um, com um "bom dia". Na saída, um grupo de policiais entregava flores e duas mulheres distribuíam biscoitos.
William, de 17 anos, não quis dar seu sobrenome. Dois de seus colegas de classe, Nicholas Dworet e Meadow Pollack, faleceram no massacre.
"Foi muito triste voltar e não ver meus amigos. (...) É tudo um pouco esmagador", declarou.
Os professores não deram aulas convencionais, mas se dedicaram a debater o ocorrido. Cerca de 150 terapeutas estavam disponíveis se os estudantes se sentissem mal.
"O que será se isso acontecer de novo?", se questionou Alan, de 15 anos, e que tampouco quis dar seu sobrenome.
Para animá-los, centenas de vizinhos e ex-alunos os receberam pela manhã com cartazes escritos "Nós amamos vocês" e "Estamos com vocês".
"Pode ser muito difícil para eles voltarem às aulas", afirmou a psiquiatra Nicole Mavrides, da Universidade de Miami e integrante da equipe de Ciência do Comportamento que enviou terapeutas de dor para Parkland.
"Mas é preciso que saibam que ninguém está esperando que seja fácil, é preciso dizer a eles que está tudo bem ter medo, e que tudo bem que sintam raiva", afirmou Mavrides à AFP.
- #NeverAgainO massacre gerou um novo clamor pelo controle das armas no país. A cada ano, ocorrem cerca de 33 mil mortes.
Usando o hastag #NeverAgain, os sobreviventes pressionam os políticos de Washington e da Flórida para que restrinjam o acesso às armas e proíbam a venda de fuzis semiautomáticos como o AR-15 usado por Cruz.
Durante anos, o Congresso americano esteve paralisado neste tema, ainda que as pesquisas mostrem que a maioria da dos americanos apoia um controle mais estrito.
Mas a poderosa Associação Nacional do Rifle (NRA) exerce pressão em Washington e financia políticos para garantir a livre venda e o porte de armas, assegurados na Constituição, não sejam ameaçados.
O presidente Donald Trump realizou uma reunião com políticos republicanos e democratas na Casa Branca, na qual destacou que "é preciso fazer algo a respeito".
Trump reafirmou seu apoio a um reforço nos controles de antecedentes de compradores de armas, ao aumento da segurança nas escolas e à elevação, para 21 anos, da idade para a aquisição de certas armas.
Em determinado momento, se dirigiu a um senador republicano e disse: "você tem medo da NRA".
Os legisladores republicanos - maioria nos Congressos de Washington e Flórida - são contrários a implementar reformas importantes na venda de armas.
No entanto, alguns comerciantes também pressionam. Nesta quarta-feira, a loja de armas Dick's Sporting Goods anunciou que estava pondo fim imediato à venda de fuzis semiautomáticos e que não venderá mais armas para menores de 21 anos.
Já a rede de lojas de departamento Walmart anunciou a elevação da idade para a compra de armas em suas unidades para 21 anos.
Desde 2015, a Walmart já não vende fuzis de assalto semiautomáticos ou armas curtas, exceto no Alasca. Seu objetivo sempre foi atender "os esportistas e caçadores".
- Um mundo malvado -Trump propôs armar e treinar alguns professores para que, supostamente, possam defender os alunos em caso de ataque.
Andrew Pollack, pai de Meadow - que morreu aos 18 anos -, foi à escola em Parkland para advogar por esta causa.
"Vou fazer com que aprovem esta lei (...) Serei o rosto do último pai de um jovem assassinado", disse a um grupo de jornalistas.
Esta semana o Congresso da Flórida discute várias medidas destinadas a limitar parcialmente o acesso às armas, embora nem estas nem um plano do governador Rick Scott contemplem proibir os fuzis semiautomáticos.
Na terça-feira, um comitê da Câmara baixa da Flórida aprovou uma proposta de armas e treinar alguns professores. Esta será incluída como parte do pacote de medidas que será discutido em plenário nesta semana.
"Se você não quer enviar seu filho a uma escola onde há alguém armado, procure uma escola livre de armas", declarou Pollack. "Tenho um filho vivo e vou levá-lo a uma escola onde haja armas, para que fique protegido, porque vivemos em um mundo malvado".
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