Egípcios vão às urnas para eleições com Al-Sissi como franco favorito
Cairo, 25 Mar 2018 (AFP) - Os egípcios vão às urnas a partir desta segunda-feira (26) para eleger seu presidente, em eleições que tem como claro favorito o atual líder do país, Abdel Fatah al-Sissi, de 65, que se apresenta para um segundo mandato de quatro anos.
Cerca de 60 milhões de eleitores, de um total de 100 milhões de habitantes do país mais populoso do mundo árabe, são esperados para votar nos dias 26, 27 e 28 de março.
Vão escolher entre o atual presidente e um grande desconhecido do cidadão comum, Musa Mustafa Musa, de 65. Um dos mais ferrenhos apoiadores do presidente, este último decidiu se candidatar apenas para evitar que Al-Sissi se apresentasse sozinho.
"Musa Mostafa Musa tem poucas chances de alcançar um número significativo de votos (...) Muita gente sequer sabe que ele está se candidatando", afirmou o professor de Ciência Política Mustafa Kamal el-Sayed, da Universidade do Cairo.
Em entrevista à televisão esta semana, o presidente disse que, se não tem rivais "sérios" nessa eleição, não é culpa sua.
"Teria gostado que tivessem se apresentado um, dois, três, ou dez dos melhores candidatos", declarou.
- Culto à personalidade -Em 2014, Al-Sissi também disputou com um único candidato: Hamdeen Sabbahi, um veterano político da esquerda, bem mais conhecido do que Mustafa Musa, à frente do partido liberal Al Ghad. O marechal reformado Al-Sissi conseguiu derrotá-lo, porém, com uma contundente vitória de 96,9% dos votos.
Nesse contexto, deve-se ficar atento à taxa de participação.
Na última corrida à Presidência, esse índice chegou a 37% após dois dias de votação. As autoridades decidiram prolongar o processo por mais um dia, e a participação chegou a 47,5%.
Segundo Kamal el-Sayed, "sabe-se o resultado de antemão, e isso não anima os egípcios a irem votar".
"E não houve tempo para uma campanha", completou.
Durante a campanha, Al-Sissi intensificou suas aparições em vários eventos cobertos pela televisão, e os jornais dedicavam bastante espaço a seus atos e gestos.
As cidades, especialmente o Cairo, estão inundadas de retratos de Al-Sissi. Já Mustafa Musa aparece em poucos cartazes.
Muitos egípcios, principalmente comerciantes, compraram os retratos de Al-Sissi por iniciativa própria. Muitos consideram que ele é o artífice da volta da tranquilidade ao país.
Com a crise econômica e tendo se voltado para um regime com frequência considerado mais autoritário do que o de Hosni Mubarak, a simpatia pelo presidente começa, porém, a se esvanecer.
No início de seu primeiro mandato, o presidente prometeu que devolveria a estabilidade ao país, incluindo a econômica. Em 2016, empreendeu um ambicioso programa de reformas, com o objetivo de obter um empréstimo do Fundo Monetário Internacional de 12 bilhões de dólares.
- Nenhum protesto -Apesar das fortes dificuldades econômicas, o país não se viu abalado por nenhum protesto, já que Al-Sissi, quinto presidente egípcio saído do Exército desde 1952, governa com mão de ferro desde que seu antecessor, Mohamed Mursi, foi destituído em 2013.
Primeiro presidente civil eleito democraticamente, Mursi, um membro da confraria Irmandade Muçulmana, sucede a Mubarak em 2012. Um ano depois, pressionado por manifestações multitudinárias, foi derrubado por Al-Sissi, então no comando do Exército.
Desde 2014, Al-Sissi travou uma sangrenta repressão contra a oposição islamista, assim como contra a liberal. Milhares de simpatizantes do ex-presidente islamista foram executados, ou detidos, e centenas - incluindo o próprio Mursi - foram condenados em processos sumários muito criticados pela ONU.
Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, 30 jornalistas estariam detidos hoje no Egito, e cerca de 500 portais de Internet, bloqueados.
bur-emp/vl/jvb/pb/tt
Cerca de 60 milhões de eleitores, de um total de 100 milhões de habitantes do país mais populoso do mundo árabe, são esperados para votar nos dias 26, 27 e 28 de março.
Vão escolher entre o atual presidente e um grande desconhecido do cidadão comum, Musa Mustafa Musa, de 65. Um dos mais ferrenhos apoiadores do presidente, este último decidiu se candidatar apenas para evitar que Al-Sissi se apresentasse sozinho.
"Musa Mostafa Musa tem poucas chances de alcançar um número significativo de votos (...) Muita gente sequer sabe que ele está se candidatando", afirmou o professor de Ciência Política Mustafa Kamal el-Sayed, da Universidade do Cairo.
Em entrevista à televisão esta semana, o presidente disse que, se não tem rivais "sérios" nessa eleição, não é culpa sua.
"Teria gostado que tivessem se apresentado um, dois, três, ou dez dos melhores candidatos", declarou.
- Culto à personalidade -Em 2014, Al-Sissi também disputou com um único candidato: Hamdeen Sabbahi, um veterano político da esquerda, bem mais conhecido do que Mustafa Musa, à frente do partido liberal Al Ghad. O marechal reformado Al-Sissi conseguiu derrotá-lo, porém, com uma contundente vitória de 96,9% dos votos.
Nesse contexto, deve-se ficar atento à taxa de participação.
Na última corrida à Presidência, esse índice chegou a 37% após dois dias de votação. As autoridades decidiram prolongar o processo por mais um dia, e a participação chegou a 47,5%.
Segundo Kamal el-Sayed, "sabe-se o resultado de antemão, e isso não anima os egípcios a irem votar".
"E não houve tempo para uma campanha", completou.
Durante a campanha, Al-Sissi intensificou suas aparições em vários eventos cobertos pela televisão, e os jornais dedicavam bastante espaço a seus atos e gestos.
As cidades, especialmente o Cairo, estão inundadas de retratos de Al-Sissi. Já Mustafa Musa aparece em poucos cartazes.
Muitos egípcios, principalmente comerciantes, compraram os retratos de Al-Sissi por iniciativa própria. Muitos consideram que ele é o artífice da volta da tranquilidade ao país.
Com a crise econômica e tendo se voltado para um regime com frequência considerado mais autoritário do que o de Hosni Mubarak, a simpatia pelo presidente começa, porém, a se esvanecer.
No início de seu primeiro mandato, o presidente prometeu que devolveria a estabilidade ao país, incluindo a econômica. Em 2016, empreendeu um ambicioso programa de reformas, com o objetivo de obter um empréstimo do Fundo Monetário Internacional de 12 bilhões de dólares.
- Nenhum protesto -Apesar das fortes dificuldades econômicas, o país não se viu abalado por nenhum protesto, já que Al-Sissi, quinto presidente egípcio saído do Exército desde 1952, governa com mão de ferro desde que seu antecessor, Mohamed Mursi, foi destituído em 2013.
Primeiro presidente civil eleito democraticamente, Mursi, um membro da confraria Irmandade Muçulmana, sucede a Mubarak em 2012. Um ano depois, pressionado por manifestações multitudinárias, foi derrubado por Al-Sissi, então no comando do Exército.
Desde 2014, Al-Sissi travou uma sangrenta repressão contra a oposição islamista, assim como contra a liberal. Milhares de simpatizantes do ex-presidente islamista foram executados, ou detidos, e centenas - incluindo o próprio Mursi - foram condenados em processos sumários muito criticados pela ONU.
Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, 30 jornalistas estariam detidos hoje no Egito, e cerca de 500 portais de Internet, bloqueados.
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