Extrema direita e seus críticos se encaram em manifestações em Berlim
Milhares de antirracistas, esquerdistas e amantes da música tecno encheram as ruas de Berlim, neste domingo (27), para enfrentar uma manifestação convocada pelo partido de extrema direita AfD, com um importante efetivo policial mobilizado para manter a ordem.
Unidos sob o lema "Não ao ódio", os contramanifestantes disseram buscar arruinar a marcha do partido anti-imigrantes e anti-Islã Alternativa para a Alemanha (AfD). Membros do AfD acusaram alguns de seus rivais de ameaçarem usar a violência.
Pouco depois do meio-dia, cerca de mil simpatizantes do AfD se reuniram na principal estação ferroviária de Berlim para o início de sua marcha "pelo futuro da Alemanha", prevista para terminar no emblemático Portão de Brandenburgo.
Muitos levavam a bandeira preta, vermelha e amarela da Alemanha, ou balões azuis, a cor do AfD.
Essa passeata é a primeira demonstração pública de força do grupo nacionalista desde que se tornou o principal partido da oposição.
Devem falar no evento os dois principais representantes do AfD, Joerg Meuthen e Alexander Gauland. Ambos criticam continuamente a decisão da chanceler Angela Merkel de permitir a entrada de um grande número de refugiados, principalmente muçulmanos, no auge da crise migratória na Europa.
"Vim hoje porque não podemos continuar assim com a Merkel", disse Christian Neubauer, um membro de 47 anos do AfD.
"Não pode o governo desperdiçar todo esse dinheiro em refugiados, enquanto nossos idosos vivem na pobreza", acrescentou.
Depois de ter avisado a Polícia que seriam 10.000 participantes, a direção do partido reduziu suas ambições, baixando para algo entre 2.500 e 5.000 manifestantes.
Antes da marcha, o líder do AfD em Berlim, Georg Pazderski, disse que muitos temiam ser "estigmatizados" por mostrar sua simpatia pelo partido, mesmo depois que a sigla alcançou quase 13% dos votos e conseguiu suas primeiras vagas no Parlamento nas eleições do ano passado.
- Contramanifestações -Enquanto isso, também no centro de Berlim, cerca de 3.000 pessoas se reuniam em uma contramanifestação, cujos organizadores disseram querer minimizar a demonstração da extrema direita.
"Não deixaremos as ruas para o AfD", afirmou Nora Berneis, da aliança "Não ao ódio, não ao AfD", que reúne partidos políticos, sindicatos, grupos estudantis, advogados de migrantes e organizações da sociedade civil.
Uma das contramanifestações mais coloridas foi organizada por cerca de 100 clubes da lendária cena tecno berlinesa, que usavam barcos e flutuadores no rio Spree e um comboio de caminhões com DJs.
"A cultura clubber de Berlim é tudo o que os nazistas não são", disseram em um comunicado.
"Somos progressistas, feministas, antirracistas, inclusivos, coloridos e temos unicórnios", completaram.
Mais de 13.000 amantes da música "dance" afirmaram que participariam, de acordo com a página do evento no Facebook.
Embora se espere que a ampla maioria das contramanifestações seja pacífica, membros do movimento de extrema esquerda Antifa convocaram o "caos" em sua página on-line, pedindo aos simpatizantes "que sabotem a marcha do AfD com todos os meios necessários".
A Polícia de Berlim mobilizou 2.000 agentes, para evitar confrontos e qualquer tentativa de "bloquear o direito à liberdade de expressão".
A dirigente dos Verdes, Renate Kuenast, recebeu uma grande quantidade de mensagens, quando postou um vídeo no Facebook pedindo às pessoas que fossem às manifestações antiAfD. Alguns desses comentários incluíam ameaças de estupro contra ela e pedidos para que se suicide.
Capitalizar a raiva
Fundado em 2013 como um partido antieuro, o AfD ganhou espaço, capitalizando a raiva generalizada com a chegada de mais de um milhão de demandantes de asilo à Alemanha desde 2015.
Hoje, conta com 90 cadeiras no Bundestag, onde sua presença mudou o tom do debate.
Este mês, a também líder do AfD Alice Weidel recebeu uma condenação formal do presidente do Parlamento por descrever os imigrantes como "mulheres com lenço na cabeça, pedintes de bem-estar, homens com facas e outras pessoas boas para nada".
A coalizão do governo de Merkel, de direita e esquerda moderada, respondeu ao auge do AfD com uma restrição nas políticas de asilo, mas o partido continua crescendo nas pesquisas.
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