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General norte-coreano chega aos EUA para preparar cúpula Trump-Kim

AFP
Imagem: AFP

Em Washington

30/05/2018 18h27

O braço direito de Kim Jong Un, general Kim Yong Chol, chegou nesta quarta-feira (30) a Nova York, onde deve se reunir com o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, para preparar a cúpula entre Donald Trump e o líder norte-coreano.

Kim Yong Chol chegou ao aeroporto Kennedy a bordo de um voo da companhia aérea Air China, informou um porta-voz da missão norte-coreana nas Nações Unidas. É o funcionário norte-coreano de mais alto perfil a pisar em solo americano em 18 anos.

O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, que já se reuniu com ele em suas duas viagens a Pyongyang este ano, o esperava para um jantar nesta quarta-feira e vários encontros na quinta-feira, segundo a Casa Branca.

O objetivo dos encontros deverá ser a conclusão do planejamento da cúpula prevista para 12 de junho em Singapura e acelerar os preparativos, uma semana depois de Trump ter escrito a Kim Jong-Un para comunicar a suspensão da cúpula por causa da "hostilidade" do governo norte-coreano.

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Três séries de encontros estão sendo organizados em paralelo esta semana entre estes dois países que não têm relações diplomáticas e que meses atrás trocavam ameaças de ataques.

A reunião de mais alto nível será entre o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, que na quarta e quinta-feira terá em Nova York seu terceiro encontro com o general Kim Yong Chol, após as duas visitas que fez a Pyongyang há pouco tempo.

Kim Yong Chol, vice-presidente do comitê central do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte e que 2009 a 2013 esteve à frente do serviço de espionagem do país, desembarcou nesta quarta-feira no aeroporto de Pequim para prosseguir sua viagem até os Estados Unidos.

O avião da Air China com o general Kim deve pousar em Nova York às 18H20 GMT (15H20 de Brasília), segundo a agência sul-coreana Yonhap.

- Desnuclearização -Trata-se do funcionário norte-coreano de mais alto escalão a pisar em solo americano desde que o vice-marechal Joe Myong Rok se reuniu em 2000 com o presidente Bill Clinton.

Kim Yong Chol é alvo de sanções americanas desde 2010. Para sua chegada a Nova York essas sanções provavelmente foram suspensas. "Imagino que o necessário tenha sido feito", se limitou a comentar a respeito a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert.

No domingo, os negociadores americanos, liderados pelo embaixador de Washington nas Filipinas, Sung Kim, começaram a se reunir com seus homólogos norte-coreanos na localidade de Panmunjom, na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias.

O secretário-geral adjunto da Casa Branca, Joe Hagin, se encontra em Singapura visando os preparativos logísticos da cúpula. Um fotógrafo da AFP pôde ver nesta terça-feira Kim Chang Son, um assessor muito próximo de Kim Jong-Un, na cidade-estado da Ásia.

Finalmente, Trump se reunirá em 7 de junho na Casa Branca com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pouco antes da cúpula do G7 no Canadá.

Os diplomatas têm apenas duas semanas para concluir a preparação logística da cúpula e definir a agenda.

Washington exige de Pyongyang uma "desnuclearização completa, verificável e irreversível" antes de qualquer suspensão das pesadas sanções internacionais que afetam a Coreia do Norte em represália por seus programas nuclear e balístico.

Mas Pyongyang nunca aceitou pagar esse preço, considerando seu arsenal uma garantia da sobrevivência do regime.

Kim Yong Chol é parte do entorno próximo de Kim Jong-Un e desempenhou um papel importante na aproximação diplomática que levou à distensão na península coreana nos últimos meses. Em fevereiro, na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos da Coreia do Sul, estava sentado atrás da filha de Donald Trump Ivanka.

Além disso, acompanhou Kim Jong-Un em suas duas viagens recentes à China.

O general é uma figura muito controversa na Coreia do Sul, onde o acusam de ter autorizado o ataque, em 2010, contra a corveta sul-coreana "Cheonan", incidente no qual 46 marinheiros morreram. A Coreia do Norte nega ser responsável pelo caso.

Legisladores da oposição sul-coreana protestaram em fevereiro contra a visita de Kim, a quem chamaram de "criminoso de guerra diabólico".