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Presidente argentino veta lei que limita aumento das tarifas públicas

31/05/2018 16h29

Buenos Aires, 31 Mai 2018 (AFP) - O presidente argentino Mauricio Macri vetou nesta quinta-feira uma lei aprovada algumas horas antes pelo Senado para limitar os aumentos das tarifas dos serviços públicos, por considerá-la inaplicável por seu elevado custo fiscal.

A lei "foi vetada. Isso já era uma coisa anunciada. Esta lei nasceu sem nenhum tipo de intenção de continuar", disse o presidente em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, horas após a aprovação da lei.

"Se houvesse uma solução alternativa, o primeiro a aplicá-la teria sido eu. Mas não há outra alternativa que pagar o que custam os serviços e proteger os mais vulneráveis com a tarifa social", argumentou o presidente.

O texto, promovido pela oposição, declarava a emergência tarifária para os serviços de eletricidade, água e gás, e revertia sua contribuição para valores de novembro de 2017, para atrelar os aumentos à evolução dos salários.

A medida implicava um custo fiscal que o governo calculava em quase 100 bilhões de pesos (3,9 bilhões de dólares), no momento em que o país enfrenta a urgência de reduzir um déficit fiscal de 3,9% do PIB para 2,7% este ano, ao mesmo tempo que negocia um auxílio financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"É uma lei irresponsável porque não estabelece de onde se paga aquilo que foi votado, o que equivale a todas as obras públicas no interior do país", disse Peña.

Após 12 horas de debates, o Senado transformou em lei o projeto da oposição por 37 votos a favor e 30 contra.

O projeto já havia sido aprovado na Câmara dos Deputados por 133 votos a favor, 94 contra e três abstenções. O governo não tem maioria em nenhuma das câmaras.

A lei revertia os aumentos que superaram 1.000% desde que Macri assumiu o poder em dezembro de 2015, com uma política de corte dos subsídios e ajustes de tarifas que permaneceram congeladas durante uma década.

Os ajustes, no entanto, acontecem em um cenário de inflação de 36% em 2016, de 24,8% em 2017 e com a estimativa de 25% para este ano, apesar das projeções oficiais de 15%, não reconhecidas pelo FMI, que projeta um índice ao redor de 20%.

O veto, o quinto desde que Macri assumiu a presidência, é uma medida antipática para sua imagem, quando ainda enfrenta o custo político de recorrer ao FMI em meio a uma crise cambial que desvalorizou o peso argentino em 20% e levou o Banco Central a aumentar a taxa de juros a 40%, a mais elevada do mundo.

Setores sindicais alertaram que em caso de veto convocariam uma greve geral.

"O bloco de oposição sabe que não pode implementar esta lei e reconhece que pouco se importa, porque diz que quer enviar uma mensagem para o Executivo", criticou o senador governista Esteban Bullrich".

"Queremos que revejam sua política tarifária que consiste cinicamente em pedir aos argentinos que carreguem o país nos ombros, ao invés de pedir aos funcionários do governo que tragam o dinheiro que têm no exterior", argumentou a senadora opositora Anabela Sagasti, em referência às contas 'off-shore' de ministros do governo.