Na selva, agora sem guerrilha, Colômbia reencontra tesouro antropológico de 12 mil anos
Milhares de pinturas rupestres estiveram ocultas por anos na Colômbia. A densa selva amazônica do departamento de Guaviare protege um tesouro antropológico nos platôs do Parque Natural Chiribiquete e na cordilheira La Lindosa
Estas montanhas são decoradas com desenhos feitos há pelo menos 12 mil anos por povos amazônicos, e pesquisadores puderam enfim analisar os registros graças ao acordo de paz feito em 2016 com os ex-guerrilheiros das Farc.
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"Somos parte da população que o processo de paz beneficiou. Esta região, que era o epicentro da guerra na Colômbia, passou por uma transformação importante, pois não há mais tantas pessoas armadas por aqui", diz Ernesto Montenegro, diretor do Instituto Colombiano de Antropologia e História.
A guerra no interior da Colômbia impediu por anos que os murais fossem estudados. Antes de sua dissolução, as Farc exerciam autoridade na região do Guaviare, que também é área de cultivo e fabricação de cocaína.
A guerrilha é hoje um partido político e alguns dissidentes, que ainda operam na região, parecem não ligar para o estudo do patrimônio cultural desconhecido.
"Ainda há muito por descobrir. Há muitas regiões nas quais nem se sabe se há algo para descobrir ou não", diz Céline Valadeau, antropóloga do Instituto Francês de Estudos Andinos.
É impossível saber com precisão a data das pinturas, pois não foram feitas com componentes orgânicos. A tinta usada é uma mistura mineral rica em manganês que fica laranja quando oxida.
O parque, que possui os 70 mil pictogramas, é candidato a se tornar Patrimônio Mundial da Unesco.
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