Sombra de Trump paira sobre a cúpula da unidade da OTAN
Bruxelas, 9 Jul 2018 (AFP) - Os líderes da OTAN vão tentar defender em sua cúpula de quarta e quinta-feira, em Bruxelas, a credibilidade da Aliança, mas, como apontam analistas e diplomatas, seu sucesso dependerá do americano Donald Trump, que neste domingo aumentou a pressão sobre seus aliados.
"Os Estados Unidos estão gastando muito mais na OTAN do que qualquer outro país. Isso não é justo nem é aceitável", tuitou Trump, que em junho disse aos líderes do G7 que a Aliança era "tão ruim quanto o Nafta", tratado comercial com Canadá e México, com o qual ameaça romper.
O objetivo dos membros da organização transatlântica, nascida há quase 70 anos para contrabalançar a influência da ex-União Soviética, é defender sua unidade, dias antes de Trump se reunir em Helsinque com a principal ameaça da Aliança: o líder russo, Vladimir Putin.
Para Washington, a insuficiente contribuição dos aliados poderá ofuscar os resultados de anos de trabalho da OTAN para reformar sua estrutura e elevar o gasto militar. "O sucesso dependerá do humor de Trump", informou uma autoridade da Aliança.
Os aliados se comprometeram na cúpula de Gales de 2014 a aproximar seu gasto militar a 2% do PIB nacional para 2024, um pedido tradicional dos Estados Unidos, e a deter os cortes nas partidas para a Defesa, efetuados em plena crise econômica.
Embora o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, tenha defendido que o gasto militar dos aliados europeus e do Canadá avançaria em 2018 pelo quarto ano consecutivo, dos 29 países da Aliança apenas oito chegariam neste ano à meta de 2% exigida por Washington.
- 'Casus belli' -Os aliados, sobretudo os europeus, estão temerosos. "Se os Estados Unidos fizerem disso um 'casus belli' [razão para conflito], muitas coisas podem acontecer", adverte uma fonte diplomática de um país da OTAN, para quem Trump "será decisivo para o futuro da Aliança".
Os possíveis anúncios do inquilino da Casa Branca, que preocupam os aliados, passam de uma eventual retirada de suas tropas dos países que não cumprirem a meta, como a Alemanha, ou sua negativa de realizar manobras militares com esses países, segundo a fonte.
Para Tomas Valasek, diretor do centro de reflexão Carnegie Europe, no passado, já existiram "desacordos", como durante a guerra do Iraque, "mas nunca houve nenhuma sugestão no ar de que os Estados Unidos dariam as costas aos aliados europeus".
Isso minaria um dos princípios da Aliança, consagrado no Artigo 5 do Tratado de Washington de 1949: a defesa coletiva entre aliados. Em quase sete décadas de história, só Washington a ativou, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Tobias Bunde, chefe de política e análises da Conferência de Segurança de Munique, disse à AFP que a OTAN deve considerar "se pode sobreviver" a Trump e lembrou que os aliados "ignoraram durante muito tempo las queixas dos Estados Unidos" sobre uma divisão equitativa do gasto militar.
Um fracasso da cúpula da OTAN em seu novo quartel-general de Bruxelas, provocado pelas críticas do líder da primeira potência militar, poderia aumentar a tensão nas relações com seus aliados, deterioradas pela guerra comercial lançada por Trump.
- O júbilo de Putin -A atitude do presidente dos Estados Unidos, cujo gasto militar representa mais de dois terços do total da OTAN, poderia ofuscar as decisões que deverão ser adotadas, como a criação de dois novos centros de comando na localidade alemã de Ulm e a americana de Norfolk.
Os 29 líderes devem respaldar seu plano "30-30-30-30", em virtude do qual para 2020 a OTAN deve poder destacar em 30 dias, 30 batalhões, 30 esquadrões aéreos e 30 navios de guerra em apoio a suas forças de resposta rápida.
Estas decisões fazem parte do plano da Aliança para reforçar-se diante de uma vizinha Rússia mais ameaçadora, desde que em março de 2014 anexou a península ucraniana da Crimeia. O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, se reunirá na quinta-feira com os líderes da OTAN.
Para Thomas Carothers, Vladimir Putin, com quem Trump se reunirá em 16 de julho, "desfrutará da cúpula da OTAN", já que seu objetivo estratégico "não é dominar o Báltico", mas, sim, "as divisões entre os Estados Unidos e a Europa e dentro da Europa".
Este encontro é "muito mais importante" para o líder americano do que a cúpula da Aliança, assegura Pierre Vimont, do Carnegie Europe, para quem Trump vai querer obter algo de Putin, como "um progresso no caso da Ucrânia, estagnado apesar dos esforços da França e da Alemanha".
Trump, que defende soluções bilaterais, recentemente demonstrou ambiguidade, respondendo com um lacônico "já veremos" a uma pergunta sobre um eventual reconhecimento por Washington da anexação da Crimeia pela Rússia.
"Os Estados Unidos estão gastando muito mais na OTAN do que qualquer outro país. Isso não é justo nem é aceitável", tuitou Trump, que em junho disse aos líderes do G7 que a Aliança era "tão ruim quanto o Nafta", tratado comercial com Canadá e México, com o qual ameaça romper.
O objetivo dos membros da organização transatlântica, nascida há quase 70 anos para contrabalançar a influência da ex-União Soviética, é defender sua unidade, dias antes de Trump se reunir em Helsinque com a principal ameaça da Aliança: o líder russo, Vladimir Putin.
Para Washington, a insuficiente contribuição dos aliados poderá ofuscar os resultados de anos de trabalho da OTAN para reformar sua estrutura e elevar o gasto militar. "O sucesso dependerá do humor de Trump", informou uma autoridade da Aliança.
Os aliados se comprometeram na cúpula de Gales de 2014 a aproximar seu gasto militar a 2% do PIB nacional para 2024, um pedido tradicional dos Estados Unidos, e a deter os cortes nas partidas para a Defesa, efetuados em plena crise econômica.
Embora o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, tenha defendido que o gasto militar dos aliados europeus e do Canadá avançaria em 2018 pelo quarto ano consecutivo, dos 29 países da Aliança apenas oito chegariam neste ano à meta de 2% exigida por Washington.
- 'Casus belli' -Os aliados, sobretudo os europeus, estão temerosos. "Se os Estados Unidos fizerem disso um 'casus belli' [razão para conflito], muitas coisas podem acontecer", adverte uma fonte diplomática de um país da OTAN, para quem Trump "será decisivo para o futuro da Aliança".
Os possíveis anúncios do inquilino da Casa Branca, que preocupam os aliados, passam de uma eventual retirada de suas tropas dos países que não cumprirem a meta, como a Alemanha, ou sua negativa de realizar manobras militares com esses países, segundo a fonte.
Para Tomas Valasek, diretor do centro de reflexão Carnegie Europe, no passado, já existiram "desacordos", como durante a guerra do Iraque, "mas nunca houve nenhuma sugestão no ar de que os Estados Unidos dariam as costas aos aliados europeus".
Isso minaria um dos princípios da Aliança, consagrado no Artigo 5 do Tratado de Washington de 1949: a defesa coletiva entre aliados. Em quase sete décadas de história, só Washington a ativou, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Tobias Bunde, chefe de política e análises da Conferência de Segurança de Munique, disse à AFP que a OTAN deve considerar "se pode sobreviver" a Trump e lembrou que os aliados "ignoraram durante muito tempo las queixas dos Estados Unidos" sobre uma divisão equitativa do gasto militar.
Um fracasso da cúpula da OTAN em seu novo quartel-general de Bruxelas, provocado pelas críticas do líder da primeira potência militar, poderia aumentar a tensão nas relações com seus aliados, deterioradas pela guerra comercial lançada por Trump.
- O júbilo de Putin -A atitude do presidente dos Estados Unidos, cujo gasto militar representa mais de dois terços do total da OTAN, poderia ofuscar as decisões que deverão ser adotadas, como a criação de dois novos centros de comando na localidade alemã de Ulm e a americana de Norfolk.
Os 29 líderes devem respaldar seu plano "30-30-30-30", em virtude do qual para 2020 a OTAN deve poder destacar em 30 dias, 30 batalhões, 30 esquadrões aéreos e 30 navios de guerra em apoio a suas forças de resposta rápida.
Estas decisões fazem parte do plano da Aliança para reforçar-se diante de uma vizinha Rússia mais ameaçadora, desde que em março de 2014 anexou a península ucraniana da Crimeia. O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, se reunirá na quinta-feira com os líderes da OTAN.
Para Thomas Carothers, Vladimir Putin, com quem Trump se reunirá em 16 de julho, "desfrutará da cúpula da OTAN", já que seu objetivo estratégico "não é dominar o Báltico", mas, sim, "as divisões entre os Estados Unidos e a Europa e dentro da Europa".
Este encontro é "muito mais importante" para o líder americano do que a cúpula da Aliança, assegura Pierre Vimont, do Carnegie Europe, para quem Trump vai querer obter algo de Putin, como "um progresso no caso da Ucrânia, estagnado apesar dos esforços da França e da Alemanha".
Trump, que defende soluções bilaterais, recentemente demonstrou ambiguidade, respondendo com um lacônico "já veremos" a uma pergunta sobre um eventual reconhecimento por Washington da anexação da Crimeia pela Rússia.
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