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Gastos militares dominam discussões da cúpula da Otan

10/07/2018 16h44

Bruxelas, 10 Jul 2018 (AFP) - Os gastos militares nacionais dos 29 países da Otan dominam a cúpula desta quarta e quinta-feira em Bruxelas, após as críticas do presidente americano, Donald Trump, para quem seus aliados não gastam o suficiente e se aproveitam dos Estados Unidos.

"Países da Otan têm que pagar mais, os Estados Unidos têm que pagar menos. Muito injusto!", tuitou Trump, para quem os membros europeus da Aliança e do Canadá não respeitam seu compromisso de destinar 2% de seu PIB nacional à defesa.

Mas qual é a situação por trás das críticas?

- Quanto os Estados Unidos investem em defesa? -Donald Trump afirmou, na segunda-feira, que os Estados Unidos "estão pagando 90% da Otan" - embora não esteja claro como chegou a esse valor.

Os dados publicados nesta terça-feira pela Aliança mostram que o orçamento nacional de defesa dos Estados Unidos representa dois terços do conjunto dos aliados em 2018.

Segundo valores constantes desde 2010, o orçamento da maior potência militar do mundo chega a 623,241 bilhões de dólares, frente aos 935,557 bilhões dos 29 aliados.

O Reino Unido está na segunda posição com 59,755 bilhões de dólares, seguido de França (53,038 bilhões) e Alemanha (48,862). O Canadá está em sexto, com 23,637 bilhões.

- 2%: um compromisso vinculante? -Independentemente do volume de sua economia, os países da Otan se comprometeram na cúpula de Gales de 2014 a aproximar seu gasto à meta de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional até 2024.

Os 28 aliados de Washington também acordaram, em meio à tensão com a Rússia por seu papel no conflito na Ucrânia, a frear os cortes nos setores de defesa, realizados durante a crise econômica.

Desde então, o gasto total dos aliados europeus e do Canadá acumulado já não registrou cortes e aumentou em cerca de 87,6 bilhões de dólares.

Contudo, desde sua chegada à Casa Branca em janeiro de 2017, Trump se referiu ao objetivo de 2% diversas vezes para garantir que seus aliados não cumprem sua promessa.

Os aliados não veem exatamente assim. "Não é uma obrigação legal vinculante, é uma orientação política", reconheceu uma fonte diplomática de um país da Otan.

- Quem cumpre os 2%? -Em termos percentuais em relação ao PIB, a maior economia do mundo é de longe a maior contribuinte, com 3,5% do PIB - segundo dados da Otan de 2018 baseados em valores de 2010.

Além dos Estados Unidos, cumprem o objetivo a Grécia, com 2,27%, a Estônia (2,14%) e o Reino Unido (2,10%), aos quais se somou neste ano a Letônia, com 2%, de acordo com esses dados.

Polônia (1,98%), Lituânia (1,96%) e Romênia (1,93%) podem se juntar ao grupo em 2018, já que esses países acordaram a nível nacional alcançar a meta, segundo a Otan.

A Alemanha, maior economia europeia, se manteria estável este ano em 1,24%, o que lhe torna o alvo preferido das críticas do presidente americano.

Dos 29 membros da Otan, Luxemburgo registraria o menor gasto militar em 2018, com 0,55% do PIB nacional, atrás de Bélgica e Espanha, ambos com 0,93%.

- Além dos 2% -O presidente dos Estados Unidos algumas vezes sugeriu que seus aliados "devem dinheiro" à Otan, embora isso crie confusão ao não diferenciar a meta de gastos nacionais e as contribuições diretas para a Aliança.

Essas contribuições são usadas para financiar o "orçamento civil" da Aliança (291 milhões de dólares em 2018), que cobre o custo da administração da sede da organização transatlântica em Bruxelas.

Mas os 29 aliados também contribuem para o "orçamento militar" de cerca de 1,55 bilhão de dólares em 2018, que financia a estrutura de comando da Otan.

A contribuição é feita com base no tamanho da sua economia. Os Estados Unidos, portanto, pagam 22% do total, seguidos por Alemanha, com 14%, e França e Reino Unido, com 10,5% cada.

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