Governo espanhol inicia procedimento legal para exumar a Franco
Madri, 24 Ago 2018 (AFP) - O governo socialista da Espanha aprovará nesta sexta-feira um decreto para exumar o ditador Francisco Franco de um mausoléu, uma decisão que provoca divergências políticas no país.
Para concretizar a medida, que tem a oposição da família do ditador, o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez optou por um decreto-lei.
O decreto deverá ser aprovado no futuro pela Câmara Baixa do Parlamento, onde os socialistas, claramente minoritários, esperam obter a maioria com o apoio da esquerda radical do partido Podemos e dos nacionalistas bascos e catalães.
O objetivo é acabar com uma "anomalia democrática, um mausoléu de culto a um ditador", afirmou o porta-voz socialista no Senado, Ander Gil.
O governo se apoia em uma proposta aprovada no Parlamento em maio de 2017, quando o governo era comandado pelo conservador Partido Popular, e que determinava a exumação.
Desde 23 de novembro de 1975, três dias depois de sua morte, o corpo do general Franco, vencedor da Guerra Civil (1936-1939), está no 'Valle de los Caídos".
O local, um impressionante complexo a 50 km de Madri, tem uma basílica com uma cruz de 150 metros de altura.
O militar que governou o país de 1939 a 1975 está enterrado no altar da basílica sob uma laje sempre coberta por flores frescas, assim como o fundador do partido fascista Falange, José Antonio Primo de Rivera.
No mesmo complexo foram sepultados quase 27.000 combatentes franquistas e 10.000 opositores republicanos, motivo pelo qual o ditador apresentou o "Valle" como um local de "reconciliação".
Os críticos, no entanto, o consideram um insulto às vítimas da repressão franquista, porque os corpos dos republicanos, retirados de cemitérios e valas comuns, foram levados até o local sem o consentimento de suas famílias. Além disso, o conjunto monumental foi construído por quase 20.000 presos políticos, entre 1940 e 1959.
Pedro Sánchez defendeu a iniciativa poucos dias depois de chegar ao poder, alegando que um lugar como "Valle de los Caídos" seria inimaginável em países como Alemanha ou Itália.
A solução lógica seria enviar os restos mortais para o túmulo que a família Franco tem no cemitério El Pardo, na região de Madri.
Os socialistas afirmam que desejam transformar o "Valle de los Caídos" em um verdadeiro local de reconciliação e memória, sem apresentar detalhes sobre como pretendem modificar um conjunto monumental de forte caráter católico e idealizado pelo próprio Franco.
Mas em um país onde a memória sobre a guerra e a ditadura continua sendo um tema envenenado, todos os projetos esbarram na oposição da família do ditador, da Fundação Francisco Franco, que reivindica sua memória, e sobretudo com a do PP, que insiste na necessidade de não reabrir "antigas feridas".
Os conservadores já informaram que pretendem recorrer ao Tribunal Constitucional contra a exumação, pois consideram abusivo o uso de um decreto-lei para um tema que não é urgente.
avl-mg/pb/fp
Para concretizar a medida, que tem a oposição da família do ditador, o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez optou por um decreto-lei.
O decreto deverá ser aprovado no futuro pela Câmara Baixa do Parlamento, onde os socialistas, claramente minoritários, esperam obter a maioria com o apoio da esquerda radical do partido Podemos e dos nacionalistas bascos e catalães.
O objetivo é acabar com uma "anomalia democrática, um mausoléu de culto a um ditador", afirmou o porta-voz socialista no Senado, Ander Gil.
O governo se apoia em uma proposta aprovada no Parlamento em maio de 2017, quando o governo era comandado pelo conservador Partido Popular, e que determinava a exumação.
Desde 23 de novembro de 1975, três dias depois de sua morte, o corpo do general Franco, vencedor da Guerra Civil (1936-1939), está no 'Valle de los Caídos".
O local, um impressionante complexo a 50 km de Madri, tem uma basílica com uma cruz de 150 metros de altura.
O militar que governou o país de 1939 a 1975 está enterrado no altar da basílica sob uma laje sempre coberta por flores frescas, assim como o fundador do partido fascista Falange, José Antonio Primo de Rivera.
No mesmo complexo foram sepultados quase 27.000 combatentes franquistas e 10.000 opositores republicanos, motivo pelo qual o ditador apresentou o "Valle" como um local de "reconciliação".
Os críticos, no entanto, o consideram um insulto às vítimas da repressão franquista, porque os corpos dos republicanos, retirados de cemitérios e valas comuns, foram levados até o local sem o consentimento de suas famílias. Além disso, o conjunto monumental foi construído por quase 20.000 presos políticos, entre 1940 e 1959.
Pedro Sánchez defendeu a iniciativa poucos dias depois de chegar ao poder, alegando que um lugar como "Valle de los Caídos" seria inimaginável em países como Alemanha ou Itália.
A solução lógica seria enviar os restos mortais para o túmulo que a família Franco tem no cemitério El Pardo, na região de Madri.
Os socialistas afirmam que desejam transformar o "Valle de los Caídos" em um verdadeiro local de reconciliação e memória, sem apresentar detalhes sobre como pretendem modificar um conjunto monumental de forte caráter católico e idealizado pelo próprio Franco.
Mas em um país onde a memória sobre a guerra e a ditadura continua sendo um tema envenenado, todos os projetos esbarram na oposição da família do ditador, da Fundação Francisco Franco, que reivindica sua memória, e sobretudo com a do PP, que insiste na necessidade de não reabrir "antigas feridas".
Os conservadores já informaram que pretendem recorrer ao Tribunal Constitucional contra a exumação, pois consideram abusivo o uso de um decreto-lei para um tema que não é urgente.
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