Canadá retoma negociações com EUA pelo Nafta
Washington, 29 Ago 2018 (AFP) - O Canadá voltou nesta terça-feira (28) a discutir com os Estados Unidos o futuro do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), com a advertência de seu primeiro-ministro, Justin Trudeau, de que somente aceitará um novo acordo "se for bom" para seu país.
O Canadá voltou às negociações para tentar salvar o Nafta, sob revisão há um ano, depois que Washington e México anunciaram na segunda-feira ter chegado a um acordo após cinco semanas de debates.
"Nos comprometeremos de uma forma positiva e desejamos finalmente assinar um acordo sempre que seja bom para o Canadá e bom para a classe média do Canadá", disse Trudeau, quando uma delegação de seu país se prepara para negociar, em Washington, com os Estados Unidos o futuro desse tratado.
Paralelamente, a chanceler canadense e chefe negociadora para o Nafta, Chrystia Freeland, interrompeu uma viagem pela Europa para viajar a Washington e se encontrar com o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer.
"Estamos estimulados pelo avanço alcançado por Estados Unidos e México, particularmente em automóveis e condições trabalhistas, e aguardo com expectativa esta negociação", declarou Freeland ao entrar na reunião.
Pouco depois, a chanceler afirmou que conversará nesta terça-feira em Washington com funcionários do México sobre o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), e que na quarta-feira analisará "assuntos específicos" com os Estados Unidos.
"Acordamos que entraríamos em detalhes sobre temas específicos a partir de amanhã de manhã. E também nos reuniremos com o México mais tarde hoje", declarou ao concluir uma "construtiva conversa" com o representante comercial americano, Robert Lighthizer.
O Nafta, vigente desde 1994, tem o futuro incerto depois que o presidente americano Donald Trump sugeriu que é talvez seja melhor negociar dois acordos bilaterais, e cogitou mudar o nome do tratado.
Tanto o presidente do México, Enrique Peña Nieto, como o mandatário eleito deste país, Andrés López Obrador, que negociaram com o governo de Trump como "uma frente comum", insistiram que um Nafta 2.0 deveria incluir o Canadá e seus representantes permanecem em Washington na expectativa de que a negociação trilateral seja concluída ainda nesta semana.
"Sempre buscamos um tratado de ganhar-ganhar-ganhar" para os três, declarou à rede mexicana Televisa o chanceler mexicano Luis Videgaray.
"O brinde é o mero final", disse o secretário da Economia mexicano, Ildefonso Guajardo.
Estados Unidos e México iniciaram negociações sobre assuntos bilaterais no final de julho, depois que a renegociação do Nafta, iniciada em agosto de 2017, estagnou em maio.
O que ambos concordaram inclui uma cláusula de vigência do tratado de 16 anos, com revisão a cada seis, assim como novas porcentagens para as regras de origem da indústria automotora, crucial para México, e maiores proteções para os trabalhadores.
- "L-E-I-T-E", o problema do Canadá -Ainda restam pontos difíceis para tratar com o Canadá, como o acesso a seu mercado lácteo e o mecanismo de resolução de controvérsias previsto no Capítulo 19 do Nafta, que Washington pretende mudar.
Trudeau apontou "um avanço muito positivo" nas disposições de comércio automotivo, que aumentam o percentual de conteúdo regional dos veículos e estipulam que 40-45% desses devem ser fabricados nas faixas de salários superiores a 16 dólares.
Mas rejeitou a demanda americana de abrir o acesso ao mercado lácteo do Canadá em um Nafta 2.0.
O governo canadense estabelece desde os anos 1970 as cotas de produção e o preço do leite, o que acaba custando um pouco mais aos consumidores, mas proporciona aos agricultores uma receita estável. "Minha posição de defender a gestão da oferta não mudou. Defenderemos a gestão da oferta", disse Trudeau.
Trump disse nesta segunda-feira que os Estados Unidos não aceitará as tarifas sobre as exportações de produtos lácteos canadenses, que podem chegar a até 300%.
O assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, se referiu ao tema nesta terça-feira. "Há uma palavra com a qual o Canadá tem problemas: é L-E-I-T-E", disse à Fox News.
Trudeau enfrenta eleições em um ano e seguramente não vai querer ser visto cedendo a Trump, especialmente nesse setor tão sensível.
Os Estados Unidos também demonstrou interesse em somar "rapidamente" o Canadá ao Nafta 2.0.
"O mercado americano e os mercados canadenses estão muito entrelaçados, é importante que cheguem ao acordo e é importante que obtenhamos esse acordo", disse o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, na rede CNBC.
Mnuchin acredita que o Canadá aceitará os termos negociados com o México, mas Trump advertiu na segunda-feira que se um tratado com Ottawa, Washington poderá optar pelo caminho bilateral.
"Acho que teremos sucesso, mas novamente, se não tivermos, seguiremos em frente com o México e depois chegaremos a um acordo em separado com o Canadá", apontou.
Lighthizer disse que o governo de Trump notificaria ao Congresso na sexta-feira sobre o acordo com o México, o que permitiria cumprir o prazo de 90 dias requerido para que a assinatura seja antes de 1 de dezembro, quando Peña Nieto passa o poder a López Obrador.
Legisladores e ex-funcionários comerciais americanos afirmaram que a Casa Branca não tem autoridade para substituir o Nafta por um acordo comercial binacional, e que o texto de um Nafta 2.0 deve estar pronto para 30 de setembro caso se pretenda que Peña Nieto o assine.
O Canadá voltou às negociações para tentar salvar o Nafta, sob revisão há um ano, depois que Washington e México anunciaram na segunda-feira ter chegado a um acordo após cinco semanas de debates.
"Nos comprometeremos de uma forma positiva e desejamos finalmente assinar um acordo sempre que seja bom para o Canadá e bom para a classe média do Canadá", disse Trudeau, quando uma delegação de seu país se prepara para negociar, em Washington, com os Estados Unidos o futuro desse tratado.
Paralelamente, a chanceler canadense e chefe negociadora para o Nafta, Chrystia Freeland, interrompeu uma viagem pela Europa para viajar a Washington e se encontrar com o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer.
"Estamos estimulados pelo avanço alcançado por Estados Unidos e México, particularmente em automóveis e condições trabalhistas, e aguardo com expectativa esta negociação", declarou Freeland ao entrar na reunião.
Pouco depois, a chanceler afirmou que conversará nesta terça-feira em Washington com funcionários do México sobre o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), e que na quarta-feira analisará "assuntos específicos" com os Estados Unidos.
"Acordamos que entraríamos em detalhes sobre temas específicos a partir de amanhã de manhã. E também nos reuniremos com o México mais tarde hoje", declarou ao concluir uma "construtiva conversa" com o representante comercial americano, Robert Lighthizer.
O Nafta, vigente desde 1994, tem o futuro incerto depois que o presidente americano Donald Trump sugeriu que é talvez seja melhor negociar dois acordos bilaterais, e cogitou mudar o nome do tratado.
Tanto o presidente do México, Enrique Peña Nieto, como o mandatário eleito deste país, Andrés López Obrador, que negociaram com o governo de Trump como "uma frente comum", insistiram que um Nafta 2.0 deveria incluir o Canadá e seus representantes permanecem em Washington na expectativa de que a negociação trilateral seja concluída ainda nesta semana.
"Sempre buscamos um tratado de ganhar-ganhar-ganhar" para os três, declarou à rede mexicana Televisa o chanceler mexicano Luis Videgaray.
"O brinde é o mero final", disse o secretário da Economia mexicano, Ildefonso Guajardo.
Estados Unidos e México iniciaram negociações sobre assuntos bilaterais no final de julho, depois que a renegociação do Nafta, iniciada em agosto de 2017, estagnou em maio.
O que ambos concordaram inclui uma cláusula de vigência do tratado de 16 anos, com revisão a cada seis, assim como novas porcentagens para as regras de origem da indústria automotora, crucial para México, e maiores proteções para os trabalhadores.
- "L-E-I-T-E", o problema do Canadá -Ainda restam pontos difíceis para tratar com o Canadá, como o acesso a seu mercado lácteo e o mecanismo de resolução de controvérsias previsto no Capítulo 19 do Nafta, que Washington pretende mudar.
Trudeau apontou "um avanço muito positivo" nas disposições de comércio automotivo, que aumentam o percentual de conteúdo regional dos veículos e estipulam que 40-45% desses devem ser fabricados nas faixas de salários superiores a 16 dólares.
Mas rejeitou a demanda americana de abrir o acesso ao mercado lácteo do Canadá em um Nafta 2.0.
O governo canadense estabelece desde os anos 1970 as cotas de produção e o preço do leite, o que acaba custando um pouco mais aos consumidores, mas proporciona aos agricultores uma receita estável. "Minha posição de defender a gestão da oferta não mudou. Defenderemos a gestão da oferta", disse Trudeau.
Trump disse nesta segunda-feira que os Estados Unidos não aceitará as tarifas sobre as exportações de produtos lácteos canadenses, que podem chegar a até 300%.
O assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, se referiu ao tema nesta terça-feira. "Há uma palavra com a qual o Canadá tem problemas: é L-E-I-T-E", disse à Fox News.
Trudeau enfrenta eleições em um ano e seguramente não vai querer ser visto cedendo a Trump, especialmente nesse setor tão sensível.
Os Estados Unidos também demonstrou interesse em somar "rapidamente" o Canadá ao Nafta 2.0.
"O mercado americano e os mercados canadenses estão muito entrelaçados, é importante que cheguem ao acordo e é importante que obtenhamos esse acordo", disse o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, na rede CNBC.
Mnuchin acredita que o Canadá aceitará os termos negociados com o México, mas Trump advertiu na segunda-feira que se um tratado com Ottawa, Washington poderá optar pelo caminho bilateral.
"Acho que teremos sucesso, mas novamente, se não tivermos, seguiremos em frente com o México e depois chegaremos a um acordo em separado com o Canadá", apontou.
Lighthizer disse que o governo de Trump notificaria ao Congresso na sexta-feira sobre o acordo com o México, o que permitiria cumprir o prazo de 90 dias requerido para que a assinatura seja antes de 1 de dezembro, quando Peña Nieto passa o poder a López Obrador.
Legisladores e ex-funcionários comerciais americanos afirmaram que a Casa Branca não tem autoridade para substituir o Nafta por um acordo comercial binacional, e que o texto de um Nafta 2.0 deve estar pronto para 30 de setembro caso se pretenda que Peña Nieto o assine.
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