Rio de Janeiro busca governador para sair do marasmo
Rio de Janeiro, 25 Set 2018 (AFP) - Com altos níveis de violência e indicadores econômicos no vermelho, o estado do Rio de Janeiro busca um governador que o tire do marasmo. As pesquisas apontam um duelo entre Eduardo Paes e Romário.
"O Rio está em estado de calamidade", admitiu em fevereiro o governador Luiz Fernando Pezão, depois que o presidente Michel Temer decretou a intervenção dos militares na segurança do estado, o segundo mais rico e o terceiro mais populoso do país (17,1 milhões de habitantes).
Pezão, do MDB de Temer, será substituído pelo vencedor das próximas eleições (primeiro turno em 7 de outubro e segundo turno dia 28).
O próximo governador receberá como "herança" um déficit fiscal de quase 10 bilhões de reais, apesar dos enormes recursos arrecadados pelo estado.
O Rio tem "dificuldades de pagar seus funcionários, prestar serviços básicos (...) Sinais claros duma desorganização, de uma incapacidade de cumprir com a gestão mais básica", declarou à AFP o cientista político Michael Mohallem, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A recessão que atingiu o Brasil em 2015 e 2016 terminou em 2017 (+1%), mas se prolongou no Rio (-0,6%). E o estado registra uma das maiores taxas de desemprego: 15,4% no segundo trimestre, contra 12,4% nacionalmente.
Depois dos Jogos Olímpicos Rio-2016, os índices de violência se degradaram rapidamente, com constantes tiroteios entre facções criminosas e policiais nas favelas, onde vivem um quarto dos 6,5 milhões de habitantes da capital do estado. Em 2017 foram registrados 6.731 homicídios dolosos (intencionais), um número em constante crescimento desde 2012, quando totalizaram 4.666, segundo dados oficiais.
O Rio, sede da Petrobras, está na linha de frente da Operação Lava Jato, que envolveu políticos de quase todos os partidos. O ex-governador Sérgio Cabral (2007-2014), detido em 2016, foi condenado a mais de 100 anos de prisão.
- Um cargo "muito difícil" -Há doze candidatos na disputa pelo Palácio Guanabara, dispostos a exercer um cargo "muito difícil, com muitos desafios e com um risco político muito alto", aponta Mohallem.
Lideram a corrida o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, com 24% das intenções de voto, e o ex-jogador de futebol Romário, com 14%, segundo pesquisa Datafolha realizada de 4 a 6 de setembro. Em terceiro, com 10%, figura o ex-governador Anthony Garotinho.
Durante sua gestão como prefeito (2009-2016), Paes, de 48 anos, aproveitou épocas de vacas gordas, com os investimentos para a Copa do Mundo de futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos.
Paes, do DEM, "é lembrado como um gestor que fez um bom trabalho (...) que conseguiu se ver longe da Lava Jato", estimou Mohallem.
O eleitorado, às vezes, pede uma renovação política, mas também "busca por experiência, por alguém que saiba conduzir a gestão num momento de crise".
- "Oportunidade" -É a primeira vez que o 'baixinho' se apresenta a um cargo executivo, pelo pequeno partido Podemos. Tem surpreendido por seu desempenho, embora na última pesquisa tenha perdido dois pontos, enquanto Paes ganhou seis.
"Romário adotou a estratégia da formiguinha: faz pouco barulho e se mantém longe dos debates. Com isso, consegue esconder a pouca intimidade com as informações sobre o Rio e sobre a gestão. Por outro lado, combina com a imagem de distância da política tradicional. É arriscada, mas parece estar dando certo", escreveu Berenice Seara, editorialista do O Globo.
Para Mohallem, Romário pode aproveitar de seus pontos frágeis.
"A falta de experiência pode ser vista como negativa, mas o fato dele ser de fora (da política)" é visto como positivo pelo eleitorado, afirmou.
Graças a sua carreira no futebol, o campeão mundial nos Estados Unidos-1994 é muito popular.
Mas, caso alcance o segundo turno, deverá sofrer mais pressão para responder sobre seus problemas judiciais por suposta ocultação de bens. "Acho que ele vai ter muitas dificuldades de superar" essa pressão, estimou o analista, referindo-se a sua personalidade.
Romário admite sua falta de experiência, mas afirma que se sente preparado e em um debate pediu ao público: "Me deem essa oportunidade".
Em todo caso, já recebeu um apoio de peso: o de Neymar.
"Fala Romário. Estou aqui para falar que te apoio. Você e todos que estão contigo. Espero que você possa melhorar muito o Rio de Janeiro, sou frequentador e amo muito essa cidade", afirmou o atacante em um vídeo que circula na internet.
"O Rio está em estado de calamidade", admitiu em fevereiro o governador Luiz Fernando Pezão, depois que o presidente Michel Temer decretou a intervenção dos militares na segurança do estado, o segundo mais rico e o terceiro mais populoso do país (17,1 milhões de habitantes).
Pezão, do MDB de Temer, será substituído pelo vencedor das próximas eleições (primeiro turno em 7 de outubro e segundo turno dia 28).
O próximo governador receberá como "herança" um déficit fiscal de quase 10 bilhões de reais, apesar dos enormes recursos arrecadados pelo estado.
O Rio tem "dificuldades de pagar seus funcionários, prestar serviços básicos (...) Sinais claros duma desorganização, de uma incapacidade de cumprir com a gestão mais básica", declarou à AFP o cientista político Michael Mohallem, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A recessão que atingiu o Brasil em 2015 e 2016 terminou em 2017 (+1%), mas se prolongou no Rio (-0,6%). E o estado registra uma das maiores taxas de desemprego: 15,4% no segundo trimestre, contra 12,4% nacionalmente.
Depois dos Jogos Olímpicos Rio-2016, os índices de violência se degradaram rapidamente, com constantes tiroteios entre facções criminosas e policiais nas favelas, onde vivem um quarto dos 6,5 milhões de habitantes da capital do estado. Em 2017 foram registrados 6.731 homicídios dolosos (intencionais), um número em constante crescimento desde 2012, quando totalizaram 4.666, segundo dados oficiais.
O Rio, sede da Petrobras, está na linha de frente da Operação Lava Jato, que envolveu políticos de quase todos os partidos. O ex-governador Sérgio Cabral (2007-2014), detido em 2016, foi condenado a mais de 100 anos de prisão.
- Um cargo "muito difícil" -Há doze candidatos na disputa pelo Palácio Guanabara, dispostos a exercer um cargo "muito difícil, com muitos desafios e com um risco político muito alto", aponta Mohallem.
Lideram a corrida o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, com 24% das intenções de voto, e o ex-jogador de futebol Romário, com 14%, segundo pesquisa Datafolha realizada de 4 a 6 de setembro. Em terceiro, com 10%, figura o ex-governador Anthony Garotinho.
Durante sua gestão como prefeito (2009-2016), Paes, de 48 anos, aproveitou épocas de vacas gordas, com os investimentos para a Copa do Mundo de futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos.
Paes, do DEM, "é lembrado como um gestor que fez um bom trabalho (...) que conseguiu se ver longe da Lava Jato", estimou Mohallem.
O eleitorado, às vezes, pede uma renovação política, mas também "busca por experiência, por alguém que saiba conduzir a gestão num momento de crise".
- "Oportunidade" -É a primeira vez que o 'baixinho' se apresenta a um cargo executivo, pelo pequeno partido Podemos. Tem surpreendido por seu desempenho, embora na última pesquisa tenha perdido dois pontos, enquanto Paes ganhou seis.
"Romário adotou a estratégia da formiguinha: faz pouco barulho e se mantém longe dos debates. Com isso, consegue esconder a pouca intimidade com as informações sobre o Rio e sobre a gestão. Por outro lado, combina com a imagem de distância da política tradicional. É arriscada, mas parece estar dando certo", escreveu Berenice Seara, editorialista do O Globo.
Para Mohallem, Romário pode aproveitar de seus pontos frágeis.
"A falta de experiência pode ser vista como negativa, mas o fato dele ser de fora (da política)" é visto como positivo pelo eleitorado, afirmou.
Graças a sua carreira no futebol, o campeão mundial nos Estados Unidos-1994 é muito popular.
Mas, caso alcance o segundo turno, deverá sofrer mais pressão para responder sobre seus problemas judiciais por suposta ocultação de bens. "Acho que ele vai ter muitas dificuldades de superar" essa pressão, estimou o analista, referindo-se a sua personalidade.
Romário admite sua falta de experiência, mas afirma que se sente preparado e em um debate pediu ao público: "Me deem essa oportunidade".
Em todo caso, já recebeu um apoio de peso: o de Neymar.
"Fala Romário. Estou aqui para falar que te apoio. Você e todos que estão contigo. Espero que você possa melhorar muito o Rio de Janeiro, sou frequentador e amo muito essa cidade", afirmou o atacante em um vídeo que circula na internet.
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