Curdistão iraquiano elege Parlamento um ano após fracasso do referendo
Erbil, Iraque, 27 Set 2018 (AFP) - O Curdistão iraquiano, dividido e em plena crise econômica, elege no domingo um novo Parlamento, um ano após o fracasso do seu referendo de independência, que terminou com a perda do controle de suas zonas petroleiras.
Esta consulta, que foi realizada há um ano e na qual o "sim" venceu, foi uma "iniciativa lamentável a partir de uma decisão incerta de Massoud Barzani", naquele momento presidente do Curdistão, disse à AFP Karim Pakzad, pesquisador no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris).
O referendo, realizado contra a vontade de Bagdá e da comunidade internacional, "fez retroceder o Curdistão para 10 anos atrás", continuou. As sanções das autoridades iraquianas, assim como os fechamentos temporários dos postos fronteiriços com Turquia e Irã "tiveram consequências catastróficas a nível econômico", acrescentou o especialista.
Se o Curdistão ganhou essas prerrogativas políticas após a queda em 2003 do ditador Saddam Hussein, a região ganhou, sobretudo, em território e petróleo, em meio ao caos criado em 2014 com o auge do grupo Estado Islâmico (EI) no norte.
- A esperança cai por terra -Todas essas áreas onde as forças curdas foram mobilizadas às custas das forças federais em plena fuga foram reconquistadas em poucos dias no outono passado por Bagdá, como represália pelo referendo de independência.
Por essa mesma razão, Bagdá retomou os campos petroleiros de Kirkuk e fez cair por terra qualquer esperança de um Estado independente.
Levando em conta que exportavam 550.000 barris por dia há um ano, após o referendo os curdos perderam essa província disputada e a metade do seu ouro negro.
"Os curdos perderam muito com este referendo", confirma Omar Karim, de 62 anos, em sua sapataria em Suleimânia, no leste. "E nessa eleições não nos devolverão o que perdemos", lamenta este habitante da segunda cidade do Curdistão, reduto tradicional da União Patriótica do Curdistão (UPK), do falecido presidente iraquiano Jalal Talabani.
Em Erbil, mais ao norte, Ahmed Ali, jornaleiro de 44 anos, não pensa em ir votar no domingo. "De todas as formas, as eleições não mudarão nada", afirma à AFP.
O Parlamento regional atual está dominado, como o governo local, pelo grande rival da UPK, o Partido Democrático do Curdistão (PDK), de Massoud Barzani, que abandonou a presidência da região no final de 2017.
O PDK conta atualmente com 38 cadeiras, contra 18 para a UPK. O partido Goran (mudança, em curdo) é a principal força de oposição, com 24 cadeiras.
A única nova formação é o movimento "Nova Geração", criado em 2018 e que conseguiu quatro representantes no Parlamento central em Bagdá nas legislativas de maio.
"Mas qualquer mudança democrática com forças políticas novas se choca com a dura realidade da sociedade curda", na qual mais da metade da população ativa trabalha na função pública, adverte Pakzad.
"Os grandes postos governamentais e os comandos econômicos estão nas mãos de diferentes personalidades do PDK e da UPK, e há pouco espaço para que partidos reformadores se desenvolvam de forma duradoura", assegura.
Mas o status quo que mantinha o equilíbrio entre os dois pesos-pesados da política curda ficou em pedaços com o fim da presidência de Barzani.
O líder histórico nunca foi substituído e seus poderes foram atribuídos de forma temporária ao Parlamento e ao governo local.
Esta consulta, que foi realizada há um ano e na qual o "sim" venceu, foi uma "iniciativa lamentável a partir de uma decisão incerta de Massoud Barzani", naquele momento presidente do Curdistão, disse à AFP Karim Pakzad, pesquisador no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris).
O referendo, realizado contra a vontade de Bagdá e da comunidade internacional, "fez retroceder o Curdistão para 10 anos atrás", continuou. As sanções das autoridades iraquianas, assim como os fechamentos temporários dos postos fronteiriços com Turquia e Irã "tiveram consequências catastróficas a nível econômico", acrescentou o especialista.
Se o Curdistão ganhou essas prerrogativas políticas após a queda em 2003 do ditador Saddam Hussein, a região ganhou, sobretudo, em território e petróleo, em meio ao caos criado em 2014 com o auge do grupo Estado Islâmico (EI) no norte.
- A esperança cai por terra -Todas essas áreas onde as forças curdas foram mobilizadas às custas das forças federais em plena fuga foram reconquistadas em poucos dias no outono passado por Bagdá, como represália pelo referendo de independência.
Por essa mesma razão, Bagdá retomou os campos petroleiros de Kirkuk e fez cair por terra qualquer esperança de um Estado independente.
Levando em conta que exportavam 550.000 barris por dia há um ano, após o referendo os curdos perderam essa província disputada e a metade do seu ouro negro.
"Os curdos perderam muito com este referendo", confirma Omar Karim, de 62 anos, em sua sapataria em Suleimânia, no leste. "E nessa eleições não nos devolverão o que perdemos", lamenta este habitante da segunda cidade do Curdistão, reduto tradicional da União Patriótica do Curdistão (UPK), do falecido presidente iraquiano Jalal Talabani.
Em Erbil, mais ao norte, Ahmed Ali, jornaleiro de 44 anos, não pensa em ir votar no domingo. "De todas as formas, as eleições não mudarão nada", afirma à AFP.
O Parlamento regional atual está dominado, como o governo local, pelo grande rival da UPK, o Partido Democrático do Curdistão (PDK), de Massoud Barzani, que abandonou a presidência da região no final de 2017.
O PDK conta atualmente com 38 cadeiras, contra 18 para a UPK. O partido Goran (mudança, em curdo) é a principal força de oposição, com 24 cadeiras.
A única nova formação é o movimento "Nova Geração", criado em 2018 e que conseguiu quatro representantes no Parlamento central em Bagdá nas legislativas de maio.
"Mas qualquer mudança democrática com forças políticas novas se choca com a dura realidade da sociedade curda", na qual mais da metade da população ativa trabalha na função pública, adverte Pakzad.
"Os grandes postos governamentais e os comandos econômicos estão nas mãos de diferentes personalidades do PDK e da UPK, e há pouco espaço para que partidos reformadores se desenvolvam de forma duradoura", assegura.
Mas o status quo que mantinha o equilíbrio entre os dois pesos-pesados da política curda ficou em pedaços com o fim da presidência de Barzani.
O líder histórico nunca foi substituído e seus poderes foram atribuídos de forma temporária ao Parlamento e ao governo local.
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