TV estatal da Hungria é invadida por manifestantes contra Orban
Budapeste, 17 dez 2018 (AFP) - Deputados da oposição invadiram nesta segunda-feira a sede da TV estatal húngara em Budapeste para exigir a difusão de suas reivindicações, que estariam sendo censuradas, no sexto dia de protestos contra o premier Viktor Orban.
Após quase 24 horas no prédio, uma dúzia de parlamentares que ocuparam as instalações da TV estatal MTVA aceitaram abandonar o local, sem conseguir o que reivindicavam.
"Pisaram na democracia", declarou na saída o deputado Péter Niedermüller, do partido liberal DK. "Mas vamos seguir mobilizados", garantiu aos cerca de 3 mil manifestantes diante da TV estatal.
Os protestos começaram na quarta-feira, com a adoção de uma polêmica lei trabalhista que cristalizou o descontentamento de parte da opinião pública contra o governo nacional-conservador de Orban.
No domingo, protestos contra Orban mobilizaram mais de 15 mil pessoas.
A nova lei autoriza os empregadores a pedir aos funcionários até 400 horas extras por ano e pagá-las no prazo de três anos. A oposição e os sindicatos denunciam uma legislação "escravocrata".
Considerada como um ponto nevrálgico do poder, a MTVA é acusada de manipulação por parte do partido Fidesz, de Orban, e de divulgar informações tendenciosas.
A MTVA "não é a TV particular do Fidesz e sim um órgão do povo húngaro, financiado com o dinheiro dos impostos", declararam os parlamentares ao invadir o local.
"Queremos falar da liberdade de imprensa e transmitir as demandas de milhares de manifestantes contra esta lei escravagista", declarou o deputado e líder socialista Bertalan Toth.
Pela primeira vez desde a chegada de Orban ao poder, em 2010, toda a oposição, da extrema direita aos socialistas, passando pelos liberais, protestou no domingo e permanecia unida nesta segunda-feira.
Geralmente criticado pela União Europeia por seu estilo autoritário e seus ataques à independência da Justiça e dos meios de comunicação, Orban não enfrentava protestos desta magnitude desde abril de 2017, quando cerca de 40 mil pessoas se manifestaram contra uma lei prejudicial à Universidade da Europa Central, financiada pelo magnata liberal americano George Soros.
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