EUA não querem ser 'polícia do Oriente Médio'
Washington, 20 dez 2018 (AFP) - Os Estados Unidos não querem ser a "polícia do Oriente Médio", escreveu no Twitter nesta quinta-feira (20) o presidente Donald Trump, defendendo a sua polêmica decisão de retirar as forças americanas da Síria.
"Por que os Estados Unidos iriam querer ser a polícia do Oriente Médio para não obter NADA e investir vidas valiosas, e bilhões de dólares, para proteger outros que, em quase todos os casos, não gostam do que estamos fazendo? Queremos ficar lá para sempre? É hora de outros finalmente lutarem...", tuitou.
"Deixar a Síria não é uma surpresa. Faço campanha para isso há anos e há seis meses, quando tinha dito publicamente que queria isso, aceitei ficar mais tempo", explicou.
Na quarta-feira, o presidente americano ordenou a retirada das tropas americanas mobilizadas na Síria, estimando ter vencido o grupo extremista Estado Islâmico (EI), uma decisão que causou espanto e provocou críticas até mesmo de membros do seu próprio campo.
"Rússia, Irã, Síria e muitos outros são os inimigos locais do Estado Islâmico. Estamos fazendo o trabalho deles. É hora de voltar para casa", ressaltou no Twitter, acrescentando que esses mesmo países "estão contentes com a partida dos Estados Unidos, apesar do que dizem as mídias de Fake News, porque agora vão ter que combater o EI e outros, que eles detestem, sem a gente".
"Eu estou construindo, de longe, o Exército mais poderoso do mundo. Se o EI nos atingir, estará condenado!", martelou.
O anúncio surpresa da retirada americana da Síria, que transforma profundamente o equilíbrio de forças neste país onde a Rússia atua, causou certa confusão, reforçando a imagem de um presidente isolado sobre essa questão dentro de sua própria administração.
Atualmente há 200 soldados americanos no norte da Síria, essencialmente forças especiais que lutam contra o EI e treinam as forças locais nas zonas retomadas dos extremistas.
No exterior, a França, o Reino Unido e a Alemanha, aliados dos Estados Unidos na luta contra o EI, reagiram fortemente nesta quinta-feira a esta decisão, enquanto a Rússia a apoiou.
"A coalizão internacional contra o Daesh (acrônimo em árabe do EI) fez enormes progressos (...) Mas resta muito a ser feito e não podemos perder de vista a ameaça que supõe", indicou a diplomacia britânica em um comunicado.
"O Daesh não foi varrido do mapa, tampouco as suas raízes. Temos que vencer militarmente e de forma definitiva os últimos redutos desta organização terrorista", disse, por sua vez, a ministra francesa do Exército, Florence Parly.
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