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Especialistas da CIDH denunciam 'crimes contra humanidade' na Nicarágua

21/12/2018 20h11

Washington, 21 dez 2018 (AFP) - A Nicarágua teve condutas que devem ser consideradas como "crimes contra a humanidade", denunciou nesta sexta-feira (21) o Grupo Interdisciplinar Especial de Investigação (GIEI) que havia sido enviado pela CIDH ao país, mas que esta semana foi expulso pelo governo de Daniel Ortega.

"Para o GIEI, de acordo com a informação disponível, entende-se que o Estado da Nicarágua tem tido condutas que, com base no direito internacional, devem ser considerados crimes contra a humanidade, particularmente assassinatos, privação arbitrária de liberdade e crime de perseguição", indicaram os especialistas em um relatório apresentado em Washington.

Na quarta-feira, o governo de Ortega ordenou a expulsão das duas missões da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) encarregadas de investigar a repressão às manifestações que começaram em abril.

A delegação de especialistas viajou à Nicarágua para investigar as denúncias de repressão violenta dos protestos.

Os especialistas indicaram que desde o início de suas análises, o trabalho do grupo foi desenvolvido "sem a cooperação do governo" e que o fato de a violência ter continuado após a instalação dos investigadores "representou uma séria limitação".

Os protestos contra o governo na Nicarágua - que deixaram 320 mortos de acordo com grupos humanitários, e 198 de acordo com as autoridades - começaram em 18 de abril contra uma reforma fracassada do seguro social, e evoluíram para um movimento para exigir a saída de Ortega, ex-guerrilheiro a quem seus críticos acusam de instalar uma ditadura junto com sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo.

Os especialistas do GIEI determinaram, com a ajuda de organizações locais de direitos humanos, que "somente entre 18 de abril e 30 de maio" houve pelo menos 109 mortes, mais de 1.400 feridos e mais de 690 detidos.

Esta semana, o governo de Ortega acusou o Mecanismo Especial para a Nicarágua (Meseni) e o GIEI de "ingerência" e "falta de imparcialidade e objetividade", e os expulsou, fazendo com que o relatório que seria apresentado em Manágua fosse divulgado em Washington.

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