Exército sírio anuncia entrada no norte após pedido de ajuda dos curdos
Beirute, 28 dez 2018 (AFP) - O Exército sírio anunciou sua entrada em um setor do norte do país, nesta sexta-feira (28), após as forças curdas pedirem ao governo a mobilização de tropas nessa região sob seu controle para enfrentar a ameaça de ofensiva da Turquia.
Principal milícia curda da Síria, as Unidades de Proteção Popular (YPG) fizeram esse apelo dias depois de os Estados Unidos, seu aliado, terem anunciado a retirada das tropas americanas (2.000 soldados) da Síria, um país devastado pela guerra.
O porta-voz do Exército sírio fez o anúncio na televisão e afirmou que a bandeira síria foi hasteada em Manbij, uma cidade situada a 30 km da fronteira com a Turquia.
Majoritárias na coalizão curda das Forças Democráticas Sírias (FDS), as YPGs "convidam as forças do governo a se mobilizarem nas regiões, das quais nossas tropas se retiraram, principalmente em Manbij, e a protegerem estas regiões da invasão turca", afirma um comunicado divulgado pelas forças curdas.
O Kremlin considerou positiva a movimentação do Exército sírio, considerando que isso contribui para uma "estabilização da situação".
"Claro, isso vai no sentido de uma estabilização da situação. A ampliação da zona de controle das forças do governo (...) constitui, sem nenhuma dúvida, uma tendência positiva", declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na véspera da visita de uma delegação turca a Moscou.
Em 20 de dezembro, o presidente americano, Donald Trump, ordenou a retirada de cerca de 2.000 militares estacionados na Síria para combater os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) junto às YPG.
A Turquia enviou reforços à fronteira, incluindo tanques e blindados, para as proximidades de perto de Manbij, onde, segundo Ancara, as forças curdas permanecem presentes.
O governo turco teme a instauração de uma entidade curda na fronteira porque considera que poderia reforçar as aspirações separatistas da minoria curda de seu território. É muito hostil às YPG por seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como terrorista pela Turquia e vários países ocidentais.
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