Veja os apoiadores de Maduro e Guaidó em sua queda-de-braço na Venezuela
Caracas, 24 Jan 2019 (AFP) - O autoproclamado presidente interino da Venezuela, o chefe parlamentar opositor Juan Guaidó, iniciou uma queda de braço pelo poder com o governante socialista Nicolás Maduro.
Veja a seguir os principais apoios de cada um:
- Maduro -- Militares:
São considerados o pilar do governo e, nesta quinta-feira (24), reafirmaram o seu apoio a Maduro, denunciando um "golpe de Estado" em curso.
Dos 32 ministros, nove são militares e comandam pastas como Defesa, Interior, Agricultura e Alimentação, além da petroleira Pdvsa - que fornece 96% das rendas do país - e o serviço de Inteligência. Também controlam uma emissora, um banco e uma montadora de veículos, entre outras empresas.
- Credores e aliados internacionais:
A China, principal credor da Venezuela, com cerca de 20 bilhões de dólares pendentes de pagamento, se opôs nesta quinta-feira à "ingerência externa", após o apoio dos Estados Unidos e de outros países a Guaidó.
A Rússia é o segundo credor de Caracas e também o respalda militarmente: em dezembro, Moscou enviou dois bombardeiros e 100 oficiais a Caracas para exercícios conjuntos. O presidente russo, Vladimir Putin, ligou para Maduro nesta quinta para expressar o seu "apoio".
Países como Turquia, Cuba, Bolívia, Uruguai e México continuam reconhecendo Maduro, de 56 anos, que também tem entre seus aliados Irã e Coreia do Norte.
- Justiça:
O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), o mais alto tribunal, é de linha governista. Os seus membros foram nomeados pela antiga maioria parlamentar chavista, em dezembro de 2015, dias antes de a oposição assumir o controle do Parlamento.
Desde 2016, declarou em desacato o Legislativo opositor e anula todas as suas decisões. Deu seu apoio a Maduro nesta quinta-feira.
Também o procurador-geral, Tarek William Saab, respaldou o governante socialista.
- Assembleia Nacional Constituinte:
Foi convocada por Maduro após quatro meses de protestos da oposição que deixaram ao menos 125 mortos em 2017 e é composta apenas por governistas. Assumiu as funções do Parlamento na prática. A oposição recusou-se a participar deste organismo por considerar a sua convocação "ilegal".
- Poder eleitoral:
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) é presidido por Tibisay Lucena, abertamente chavista e durante cuja gestão vários partidos opositores foram inabilitados.
Decisões do CNE e da Justiça impediram um referendo para revogar Maduro em 2016.
Alegando falta de garantias e imparcialidade, os principais partidos da oposição mantiveram-se à margem das últimas eleições, incluindo as presidenciais de 20 de maio de 2018, nas quais Maduro foi reeleito e que denunciaram como "fraude".
- Guaidó -- Estados Unidos:
Os Estados Unidos, vários países da América Latina e a União Europeia não reconheceram a reeleição de Maduro.
Assim que Guaidó foi empossado como presidente interino na quarta-feira, Donald Trump o reconheceu. Também uma dúzia de outros países americanos, como Brasil, Colômbia e Argentina. O mesmo foi feito pela Grã-Bretanha.
A União Europeia, contudo, pediu que ouvissem o "chamado maciço à democracia" do povo venezuelano e solicitou o início de "um processo político que conduza a eleições livres e confiáveis".
O secretário-geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, também reconhece Guaidó como presidente interino.
- Parlamento:
De maioria opositora, o atual Parlamento foi eleito em 2015, quando a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) desferiu ao chavismo a maior derrota eleitoral de sua história.
Depois de assumir em 5 de janeiro a presidência do Legislativo, Guaidó, de 35 anos, começou a pressionar por um "governo de transição" e novas eleições, convocando os militares a romper com o governo em troca de anistias.
O Parlamento então declarou Maduro "usurpador" e Guaidó disse na quarta-feira que assumia as competências do líder socialista.
Os deputados, no entanto, estão de mãos atadas pelas decisões do TSJ.
- Justiça no exílio:
Um tribunal supremo de justiça paralelo, nomeado pela maioria parlamentar da oposição e que está no exílio, saudou na quarta-feira a "vontade" de Guaidó de assumir como presidente encarregado.
A procuradora-geral destituída Luisa Ortega, que fugiu da Venezuela em agosto de 2017 após ser removida do cargo pela Constituinte, deu seu "apoio e reconhecimento" ao "novo presidente" Guaidó. "Conte com o Ministério Público legítimo para restaurar a democracia", disse.
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