LGBTs protagonizam 'beijaço' durante visita do papa ao Panamá
Panamá, 25 Jan 2019 (AFP) - Duas mulheres, Samirah e Basch, se beijam em frente a uma igreja no centro da Cidade do Panamá. "Existimos", foi a mensagem que a comunidade LGBT quis enviar nesta sexta-feira (25) ao papa Francisco durante a sua visita pela Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
"Dizem que é desrespeitoso nos beijarmos em frente a uma igreja. E eu pergunto: por que não é desrespeitoso quando os heterossexuais fazem o mesmo? É por que eu sou uma aberração? Nós existimos", disse à AFP Samirah Armengol, de 39 anos, acompanhada por sua namorada, Basch Beitia, de 25.
"Amor é amor! Amor é amor!", era o grito de 20 manifestantes em um "beijaço" realizado diante da Igreja de Carmem, um local simbólico para os panamenhos, pois foi o ponto central dos protestos contra o ditador Manuel Noriega nos anos 1980.
Envolto em uma bandeira colorida do movimento LGBT, Levis Calderón disse que o protesto busca "visibilidade", aproveitando que "os olhos do mundo estão aqui, no Panamá", pela JMJ.
"Juntos como comunidade, dizemos: Estamos aqui", comentou Calderón, diretor de teatro de 21 anos.
No início do seu pontificado, em 2013, Francisco deu sinais de aproximação com os homossexuais. "Se uma pessoa é gay, busca a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", disse na época a jornalistas no avião papal.
Contudo, o Vaticano permanece contra o casamento homossexual e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo.
"Acho que o papa está mais convencido da nossa humanidade do que seus seguidores, pois já disse isso", afirmou Samirah, que cresceu em uma família católica, mas aos poucos se afastou da religião. Hoje se declara iorubá, religião de matriz africana.
Francisco também deu declarações que geraram polêmica. No ano passado, considerou "uma moda" a homossexualidade em comentários a jornalistas revelados pela Santa Sé em uma nota, posteriormente corrigida, eliminando o trecho no qual o papa argentino, de 82 anos, se referia ao tema.
Enquanto o protesto acontecia, com cartazes com mensagens como "Homofobia é pecado" e "Se há amor, há uma família", um grupo de peregrinos católicos, com bandeiras dos Estados Unidos, se afastou.
Juan José Londoño, um colombiano de 19 anos, pediu respeito à comunidade gay. "Suas crenças não podem invalidar meus direitos (...) Não é porque você está de dieta que eu não posso comer uma pizza", expressou à AFP.
Samirah já foi vítima de discriminação, conta. Foi expulsa de shoppings e restaurantes pelo simples fato de ter beijado Basch.
No Panamá, como em muitos países da América Latina, ainda não foram aceitas as demandas de direitos civis do movimento LGBT, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
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