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Catar deixará de pagar salários do Hamas na Faixa de Gaza

26/01/2019 17h18

Gaza, Territórios palestinos, 26 Jan 2019 (AFP) - O Catar anunciou, neste sábado (26), que deixará de pagar os salários dos funcionários do Hamas em Gaza, mas disse que continuará distribuindo ajuda para as famílias pobres, depois que a Autoridade Palestina do território rejeitou o apoio financeiro catariano pelas condições impostas por Israel para o ingresso desses recursos.

"Não pagaremos mais os salários dos funcionários do Hamas", disse hoje à AFP o embaixador do Catar na Faixa de Gaza, Mohamed al-Emadi.

Em novembro passado, Israel e Hamas chegaram a um acordo informal para que o Catar transferisse 90 milhões de dólares para Gaza em seis lotes mensais para pagar os salários de milhares de empregados e ajudar os mais pobres.

Os dois primeiros pagamentos de 15 milhões já foram desembolsados e foram usados, principalmente, para pagar cerca de 40.000 funcionários do Hamas. Pelo menos um terço desse valor foi para as pessoas com poucos recursos.

Em virtude deste acordo, Israel autorizou o trânsito do dinheiro por seu território em troca de uma relativa calma na fronteira com a Faixa de Gaza. O acordo é, no entanto, fonte de tensões políticas em Israel, assim como em Gaza.

"A tensão era muito importante no Hamas, assim como no governo israelense, pela oposição", disse Emadi, acrescentando que seu país distribuirá os 60 milhões de dólares restantes em ajuda, a maioria por meio de programas da ONU.

"As duas partes estão aliviadas, e é muito melhor dessa forma", afirmou.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi criticado por seus rivais políticos por este acordo.

Na semana passada, Netanyahu bloqueou os recursos temporariamente, após episódios de violência na fronteira. Depois, voltou a autorizar os repasses. Na quinta-feira, o Hamas não quis aceitar os pagamentos, acusando Israel de mudar os termos do acordo.

Neste sábado, 94.000 famílias da Faixa de Gaza começaram a receber uma ajuda de 100 dólares por parte do Catar, constatou a AFP.

A ajuda do Catar é considerada um fator-chave para diminuir as tensões entre palestinos e israelenses no enclave, que esteve prestes a sofrer uma nova guerra em 2018.

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