Papa Francisco reconhece que Igreja está 'ferida por seu pecado'
Panamá, 26 Jan 2019 (AFP) - O papa admitiu, neste sábado (26), que a Igreja católica está "ferida por seu pecado", em uma mensagem à comunidade religiosa reunida no Panamá, antes de uma crucial reunião de bispos convocada por Francisco para tratar dos escândalos por abusos sexuais e seu acobertamento.
No penúltimo dos cinco dias da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o líder do Vaticano celebrou uma missa na catedral Santa María La Antigua, na qual alertou para um "cansaço da esperança".
Esse cansaço "nasce ao constatar uma Igreja ferida por seu pecado e que tantas vezes não soube escutar tantos gritos", declarou o pontífice argentino, de 82 anos.
Francisco fez este chamado no momento em que o Vaticano se prepara para receber uma reunião de bispos que tratará dos abusos sexuais, uma tema que abalou a credibilidade dessa instituição milenar.
O porta-voz da Santa Sé, Alessandro Gisotti, expressou nesta sexta que o papa espera sair deste encontro - que ocorrerá de 21 a 24 de fevereiro no Vaticano - com "medidas concretas" para combater este flagelo.
"Será uma ocasião sem precedentes para enfrentar (...) o problema e encontrar realmente medidas concretas para que, quando os bispos voltem de Roma para suas dioceses, possam enfrentar esta praga, esta praga terrível", declarou o diretor interino do gabinete de imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti.
Assistiu à missa boa parte da cúpula da Igreja centro-americana, incluindo o influente cardeal hondurenho Óscar Rodríguez Maradiaga, assim como o presidente panamenho, Juan Carlos Varela, e sua mulher.
Ao fim da cerimônia, o papa visitou o Seminário Mayor de San José e almoçou em privado com dez jovens, dois de cada um dos cinco continentes.
Depois da refeição compartilhada com Francisco, Brenda Noriega, uma jovem nascida no México que vive na Califórnia (Estados Unidos), contou em entrevista coletiva que o sumo pontífice descreveu como "um crime terrível" os casos de pedofilia no clero.
- 'Cansaço paralisante' -A visita ao Seminário foi uma oportunidade para tratar da crise vocacional do catolicismo.
Durante a cerimônia eclesiástica mais cedo, Francisco também se referiu a um "cansaço paralisante" que levou a Igreja católica - religião com maior número de fiéis na América Latina - a não saber "como reagir diante da intensidade e da perplexidade das mudanças que estamos atravessando como sociedade".
A situação colocou "em dúvida, em muitos casos, a própria viabilidade da vida religiosa no mundo de hoje", reconheceu o pontífice.
De acordo com o Vaticano, havia 414.969 padres católicos no mundo no fim de 2016. Em 2015, eram 415.656 e, em 2014, 415.792. A tendência é parecida entre os seminaristas, com 116.160 em 2016, frente a 116.843 em 2015.
- Vigília com a juventude -Francisco lidera ainda uma vigília ao ar livre diante de milhares de jovens que foram à JMJ.
Com isso, o papa volta a se reunir com a nova geração - sobretudo de latino-americanos - no Metro Park, um campo de três quilômetros de extensão que se encontra entre a Cidade do Panamá e o aeroporto internacional de Tocumen, onde uma multidão esperava por ele.
No domingo, Francisco conclui sua 26ª viagem ao exterior desde que foi eleito papa, em 2013, com a missa de conclusão da JMJ no Metro Park, rebatizado como Campo São João Paulo II.
Em 1983, João Paulo II passou um dia no Panamá durante uma turnê pela América Central.
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