Bolivianos votam em inéditas e polêmicas prévias presidenciais
La Paz, 27 Jan 2019 (AFP) - Os bolivianos foram às urnas, neste domingo (27), em inéditas eleições primárias para escolher candidatos presidenciais para o pleito marcado para outubro deste ano, em uma polêmica votação sem concorrência e com um único pré-candidato inscrito por cada partido.
"De maneira geral, (as primárias) foram um sucesso (...) na primeira vez que o povo boliviano participa das eleições primárias", disse o presidente Evo Morales à emissora de rádio estatal Patria Nueva, ao minimizar as críticas da oposição, que convocou um boicote às votações.
As seções começaram a fechar as portas às 16h locais (18h em Brasília). Os primeiros resultados são esperados para começarem a ser divulgados a partir das 22h (horário de Brasília).
Segundo a oposição, as primárias foram promovidas pelo governo para alavancar a polêmica candidatura de Morales para um quarto mandato sucessivo (2000-2025). O Tribunal Constitucional validou sua pré-candidatura em 2017, apesar de a população tê-la rejeitado em um referendo em 2016.
Nove partidos, ou alianças, participaram das primárias, nas quais cada legenda inscreveu apenas uma chapa formada pelo pré-candidato a presidente e a vice-presidente.
No poder desde 2006, a chapa governista é formada por Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, e por seu vice, Álvaro García. Ambos buscarão a reeleição em outubro.
Morales votou em uma escola em Villa Tunari, na região central de Cochabamba, e García, em um colégio em La Paz.
As outras chapas são formadas pelos ex-presidentes Carlos Mesa (Comunidade Cidadã) e Jaime Paz Zamora (Partido Democrata-Cristão), pelo ex-vice-presidente Víctor Hugo Cárdenas (Unidade Cívica Solidariedade) e pelo senador Oscar Ortiz (Bolívia Diz Não).
Outros quatro partidos nanicos completam a lista de participantes para essa disputa interna, um passo obrigatório para competir nas eleições de outubro. O Congresso também será totalmente renovado.
"Estas primárias são puro formalismo, porque, em cada partido, já há candidatos eleitos", disse à AFP o analista e professor universitário Carlos Cordero.
"São uma eleições, portanto, atípicas, mas vão servir para uma demonstração de força do presidente Evo Morales e de seu partido", que se orgulha de ter quase um milhão de militantes, completou Cordero.
Ao custo de quatro milhões de dólares, a realização das primárias foi resultado de uma nova Lei de Partidos Políticos impulsionada pelo MAS, de Evo Morales, e aprovada em outubro passado.
A oposição insistiu em que se tratava de um gasto inútil, já que as primárias servirão apenas para legitimar a candidatura de Morales.
bur-fj/dga/tt
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