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Papa encerra visita ao Panamá preocupado com Venezuela e escândalo na igreja

27/01/2019 19h55

Panamá, 27 Jan 2019 (AFP) - O papa Francisco pediu, neste domingo (27), uma saída pacífica para a "grave situação" na Venezuela, no encerramento de sua visita ao Panamá, na qual denunciou o drama dos migrantes e a crise interna da Igreja devido ao escândalo dos abusos sexuais.

Antes de seu retorno a Roma, previsto para acontecer ainda hoje, o papa realizou uma missa multitudinária para concluir a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Francisco pediu às novas gerações de católicos que não se deixem "adormecer", impedindo que seus sonhos voem.

Destinada, inicialmente, a tratar do drama dos migrantes, a viagem do sumo pontífice teve dois inesperados coprotagonistas: a complexa situação na Venezuela, assim como o impacto do escândalo de abusos sexuais e o acobertamento por parte do clero.

Durante a oração do Ângelus deste domingo, o papa clamou por uma "solução justa e pacífica" na Venezuela, mergulhada em uma grave crise que divide as potências do mundo, assim como condenou o "ódio terrorista" na Colômbia, após um recente ataque com carro-bomba.

Em seu encontro de cinco dias com os jovens católicos, Francisco chamou a atenção para a corrupção política, a "praga dos feminicídios" e a perseguição aos migrantes na América Latina.

Cerca de 700.000 pessoas - segundo a organização da JMJ - assistiram, neste domingo, à última missa do papa no Metro Park, uma área ao ar livre na periferia da capital.

O presidente anfitrião e os de Colômbia, El Salvador, Costa Rica, Guatemala, Honduras e Portugal - país que acolherá a edição da JMJ em 2022 - também estiveram presentes.

O sumo pontífice argentino dedicou suas últimas horas no Panamá para homenagear as vítimas do "ódio terrorista" na Colômbia, após um letal ataque com carro-bomba cometido por rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) contra uma Academia de Polícia.

Depois de recordar, um a um, os 20 jovens mortos, Francisco lançou um novo apelo pela paz neste país. O suposto agressor também morreu no atentado.

Antes da oração do Ângelus, Francisco visitou pacientes com aids em um centro de acolhida mantido pela Igreja.

"Estar hoje com vocês é, para mim, um motivo para renovar a esperança", disse o papa diante de mais de dez pacientes de poucos recursos que vivem na Casa Lar El Buen Samaritano.

"A indiferença também fere e mata (...) estar aqui é tocar o rosto silencioso e maternal da Igreja", disse Francisco.

"Aqui se nasce de novo. Aqui todos nascemos de novo, porque sentimos a carícia de Deus que nos possibilita sonhar o mundo mais humano e, portanto, mais divino", acrescentou.

Ontem, diante da comunidade religiosa, o papa admitiu que a Igreja está "ferida por seu pecado", antes de uma crucial reunião convocada por ele para tratar dos escândalos de pedofilia.

De 21 a 24 de fevereiro, o papa buscará, com os bispos, "medidas concretas" para combater "esta terrível praga", manifestou o diretor de imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti.

Embora nesta viagem não tenha condenado explicitamente as agressões cometidas por padres que minaram a credibilidade na Igreja, Francisco as descreveu como "crime terrível", durante um almoço com jovens de cinco continentes em um seminário, segundo uma das presentes.

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