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Testemunha de Jeová é condenado à prisão na Rússia por "extremismo"

Dennis Christensen, dinamarquês e testemunha de Jeová, é escoltado até uma sala de audiências para ouvir sua sentença em Oriol (Rússia), onde é acusado de "extremismo" pela Justiça - Mladen Antonov/AFP
Dennis Christensen, dinamarquês e testemunha de Jeová, é escoltado até uma sala de audiências para ouvir sua sentença em Oriol (Rússia), onde é acusado de "extremismo" pela Justiça Imagem: Mladen Antonov/AFP

Em Oriol (Rússia)

06/02/2019 10h46

A Justiça russa condenou a seis anos de prisão por "extremismo", nesta quarta-feira (6), um dinamarquês que pertence às Testemunhas de Jeová, na primeira decisão do tipo desde que esta denominação religiosa foi proibida no país, em 2017.

Dennis Christensen foi condenado a seis anos de prisão após um julgamento que durou dez meses em Oriol, uma pequena cidade que fica 400 km ao sul de Moscou.

Yaroslav Sivulskiy, porta-voz na Rússia das Testemunhas de Jeová, afirmou que o movimento pretende recorrer contra a decisão.

Em um comunicado, Sivulskiy afirmou "lamentar a condenação de Dennis Christensen, um homem inocente, que não cometeu nenhum verdadeiro crime".

O Serviço Federal de Segurança (FSB) russo anunciou a detenção de Dennis Christensen e de outros membros da igreja em maio de 2017, em Oriol, durante uma cerimônia religiosa, poucas semanas após a proibição deste movimento na Rússia.

Os outros integrantes da denominação religiosa foram liberados rapidamente, mas Dennis, atualmente com 46 anos, permaneceu detido.

O processo começou em abril de 2018. Em janeiro, a promotoria solicitou seis anos e meio de prisão para o dinamarquês, que é casado com uma russa e mora há muitos anos no país.

"Espero que hoje seja o dia em que a Rússia defenderá a liberdade religiosa", declarou Christensen ao chegar ao tribunal para a leitura da sentença.

Em sua última declaração antes das deliberações, Dennis Christensen afirmou que "não havia cometido nenhum crime".

Ele também agradeceu todas as pessoas que participaram no processo e citou sua mulher e amigos, assim como o "promotor Fomin pela visita na prisão (...) e a juíza Svetlana Naumova por seu sorriso e bom humor".

"Não poderia (ser condenado) simplesmente por suas crenças religiosas, visivelmente havia argumentos, visivelmente havia motivos para acusá-lo", reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que não fez outros comentários.

Fundado nos anos 1870 nos Estados Unidos por Charles Russel, o movimento Testemunhas de Jeová é cristão e seus membros se consideram os únicos que podem restituir o cristianismo original. Com frequência são acusados de desvios sectários por causa de seus rigorosos preceitos.

As Testemunhas de Jeová, que afirmavam ter 172 mil membros na Rússia, foram proibidas em abril de 2017 pelo Tribunal Supremo. Hoje, o Ministério da Justiça os considera "extremistas".

As organizações de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) e Anistia Internacional (AI) denunciaram uma campanha de "perseguição religiosa" contra este movimento na Rússia.

A AI considerou a sentença a "encarnação da injustiça do sistema judicial russo".

"É uma pena severa para um homem que não cometeu nenhum crime segundo as convenções internacionais", declarou à AFP Alexander Artemev, diretor da ONG.

A organização russa de defesa dos direitos humanos Memorial considera 19 membros das Testemunhas de Jeová como "presos políticos" e calcula que 81 são "perseguidos por sua fé".