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May consegue apoio do Parlamento britânico para sua nova estratégia sobre Brexit

27/02/2019 21h09

Londres, 28 Fev 2019 (AFP) - Os deputados britânicos concordaram nesta quarta-feira (27) em dar à primeira-ministra, Theresa May, mais tempo para trabalhar em seu plano de saída da União Europeia, depois que ela prometeu adiar a data do Brexit, se necessário, embora os líderes europeus tenham advertido que o adiamento implicaria em condições.

De acordo com esse plano apresentado no dia anterior, a primeira-ministra britânica submeterá novamente à votação do parlamento, no mais tardar no dia 12 de março, o acordo de divórcio com Bruxelas, com as concessões que poderão ser negociadas. Este acordo foi rejeitado massivamente em meados de janeiro.

Se os deputados o rejeitarem novamente, em 13 de março, eles serão perguntados se querem deixar a UE sem um acordo. Se também rejeitarem isso, em 14 de março, serão apresentados a uma proposta de adiamento "limitado" do Brexit, uma ideia até agora se opunham.

Os deputados votaram em uma emenda do conservador Oliver Letwin e da trabalhista Yvette Cooper para fixar a proposta da primeira-ministra de adiar o Brexit, exigindo "as medidas legais necessárias para modificar a data de partida" da UE, por 502 votos contra 20.

Faltando 30 dias para o Brexit, o plano de Theresa May, que vem tentando há semanas obter as "garantias" necessárias da UE para afastar os temores de Westminster sobre o acordo, é dividido em três etapas e várias opções.

Diante de ameaças de renúncia dentro de seu próprio gabinete devido à possibilidade de uma saída sem um acordo, Theresa May deu seu braço a torcer sobre uma extensão limitada, que os europeus verão com bons olhos se tiver um objetivo claro.

Os líderes europeus afirmaram estar dispostos a fazer concessões se forem garantidos avanços para sair da situação atual de estagnação.

O adiamento deve ter "uma certa perspectiva de resolução. Prolongar a incerteza adiando prazos não é uma alternativa razoável nem desejável", alertou o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, nesta quarta-feira.

"Não precisamos de mais tempo: o que a maioria de nós precisa é de uma decisão", alertou o presidente francês Emmanuel Macron após uma reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel, em Paris.

"Se o Reino Unido precisa de mais tempo, então claramente, não negaremos", acrescentou Merkel, sem especificar condições.

- Direitos de cidadãos europeus -A possibilidade de adiamento provocou a ira dos defensores conservadores de uma ruptura clara com a UE.

O deputado Jacob Rees-Mogg viu nisso uma "conspiração" para deter o Brexit. "Se não houver maioria para o acordo da primeira-ministra [...], estaremos na mesma situação" após um adiamento, disse ele na quarta-feira à BBC.

Alguns deputados eurocéticos conservadores aparentemente se abstiveram ou se rebelaram na quarta-feira durante a votação.

Mas, em um momento incomum de unidade, os deputados aprovaram uma emenda para proteger os direitos dos 3,6 milhões de europeus que residem em solo britânico e dos mais de um milhão de britânicos que vivem em países da União Europeia.

A emenda pede ao governo que proteja os direitos desses migrantes britânicos, mesmo em uma situação de saída sem acordo. May já havia dito que protegeria o direito dos europeus residentes no Reino Unido.

Por outro lado, os deputados rejeitaram por 323 votos contra 240 uma emenda apresentada por Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, principal partido de oposição, para manter o país dentro de uma união aduaneira com a UE após o Brexit.

O líder trabalhista até agora se absteve de propor um referendo sobre a mesma questão, ciente de que a ideia também divide seu partido, embora nesta semana tenha aberto a porta para a possibilidade de apoiar uma segunda votação.

- "Escassez" -O novo plano de Theresa May ganhou o apoio de membros do Partido Conservador, assustados com a hipótese de uma saída sem acordo, especialmente temida pelo setor econômico.

Em comunicado divulgado na terça-feira, o governo lembrou que, sem acordo, o crescimento da economia britânica seria de 6,3% a 9% abaixo de seu nível de desenvolvimento durante quinze anos em caso de manutenção na UE.

Também alertou sobre as consequências de possíveis distúrbios no tráfego no Canal da Mancha, especialmente o risco de "escassez" de alguns produtos alimentícios, como frutas e vegetais frescos.

O ministro encarregado do Brexit, Stephen Barclay, apontou em vez disso na BBC que o cenário de um Brexit sem acordo "ainda está sobre a mesa, o parlamento terá que decidir".

Daily Mail