ONU: resposta de Israel a manifestações em Gaza pode ser crime contra humanidade
Uma comissão da ONU afirmou hoje que a resposta de Israel às manifestações em Gaza em 2018 "pode constituir crimes de guerra ou crimes contra a humanidade", e observa que franco-atiradores atacaram civis, incluindo crianças.
"Soldados israelenses cometeram violações contra os direitos humanos e o direito internacional humanitário, alguns dos quais podem constituir crimes de guerra ou crimes contra a humanidade e devem ser imediatamente investigados por Israel", afirmou presidente da Comissão investigadora, Santiago Cantón.
Segundo a comissão da ONU, "mais de 6 mil manifestantes desarmados foram atingidos por atiradores de elite militares, semana após semana, durante as manifestações".
Os investigadores indicaram que "encontraram motivos razoáveis para acreditar que atiradores de elite israelenses atiraram em jornalistas, profissionais de saúde, crianças e pessoas com deficiência, sabendo que eles eram claramente reconhecíveis como tal".
O Conselho de Direitos Humanos da ONU estabeleceu a comissão em maio de 2018 para "investigar as violações e supostos maus-tratos [...] no contexto dos ataques militares realizados durante as grandes manifestações civis que começaram em 30 de março de 2018 em Gaza".
A partir dessa data, dezenas de milhares de palestinos da Faixa de Gaza, encrava localizado entre Israel, Egito e o Mediterrâneo, se reuniam todas as semanas perto da fronteira na chamada "Marcha de Retorno", que reivindicava o direito dos palestinos de retornar às terras de onde foram expulsos ou de onde fugiram com a criação de Israel em 1948.
Israel repetidamente proclamou que esse protesto em massa foi orquestrado pelo Hamas, movimento islamita que comanda a Faixa de Gaza e com o qual já travou três guerras desde 2008.
Mas para os investigadores da ONU, "as manifestações eram de natureza civil, com objetivos políticos claramente declarados e,apesar de alguns atos de violência significativa, a comissão considerou que as manifestações não constituíam campanhas militares ou de combate".
Em uma reação imediata, Israel rejeitou o relatório da comissão da ONU, atribuindo ao movimento palestino Hamas a responsabilidade pelas violências e o número de vítimas nas manifestações.
"O teatro do absurdo praticado no Conselho de Direitos Humanos [da ONU] produz um relatório hostil, falso e parcial contra Israel", afirmou o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, em um comunicado.
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