Maduro denuncia que "incêndio" provocado prolonga o apagão na Venezuela
Caracas, 26 Mar 2019 (AFP) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou nesta terça-feira que um "incêndio de grande magnitude" causado por "terroristas" prolonga o apagão que paralisa o país petrolífero desde segunda-feira e estendeu o feriado nacional até quarta-feira
Segundo um comunicado divulgado por Maduro pelo Twitter, "o sistema nacional de eletricidade sofreu dois ataques terroristas desonestos nas mãos de violentos" com "objetivos desestabilizadores".
O primeiro dos ataques, diz Maduro, ocorreu às 13h29, horário local, na segunda-feira (17h29 GMT), na área de geração e transmissão da usina hidrelétrica de Guri, no estado de Bolívar (sul), que fornece 80% da energia da Venezuela.
O segundo teria sido registrado às 21h47 (01h47 GMT de terça-feira), quando o trabalho de recuperação atingiu "os níveis mais altos de geração" desde 7 de março, dia em que se registrou um apagão que perturbou o país por uma semana.
"Mãos criminosas causaram um grande incêndio no pátio de transmissão de Guri, afetando os três transformadores que o compõem e toda a fiação necessária para os propósitos de transmissão", disse o comunicado.
No Twitter, o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, transmitiu vídeos e fotos de instalações elétricas consumidas pelas chamas.
Em um discurso no Parlamento da maioria opositora, o presidente do Legislativo, Juan Guaidó, rejeitou a versão oficial.
"Não há explicação sensata e crível (...), não é mais um ataque cibernético ou um pulso eletromagnético, agora é uma sabotagem, quando eles militarizaram cada uma das instalações elétricas", disse o opositor.
- Feriado -A Venezuela voltou a parar nesta terça pelo novo apagão nacional, iniciado na segunda-feira e que levou o governo a suspender as aulas e o dia de trabalho. O governo estendeu o feriado por mais 24 horas, até quarta-feira.
Enquanto o país ainda se recuperava da maior falha no sistema de energia elétrico de sua história, em 7 de março e que durou quase uma semana, país voltou a ficar às escuras. As ruas ficaram vazias e os estabelecimentos comerciais fechados em Caracas e nas principais cidades do país.
O governo "decidiu a suspensão por 24 horas das atividades trabalhistas e educativas em todo o país", anunciou o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez.
Além da capital, o corte de energia elétrica afeta 21 dos 23 estados, de acordo com usuários das redes sociais. O governo de Nicolás Maduro não divulga informações sobre o impacto deste tipo de emergência.
Na segunda-feira à tarde, o serviço foi restabelecido em Caracas e outras localidades centrais por apenas algumas horas, antes de uma nova falta de luz.
Ante as falhas, os moradores de vários estados expressaram sua irritação e frustração. Outros ironizavam a versão do governo sobre um novo ataque aos sistemas de geração e transmissão.
Os apagões são frequentes no país com as maiores reservas de petróleo do mundo e o governo sistematicamente atribui o problemas a atos de sabotagem da oposição.
Rodríguez afirmou na segunda-feira que o corte foi provocado mais uma vez por um "ataque" contra a central hidrelétrica de Guri (estado de Bolívar, sul do país), que gera 80% da energia consumida no país de 30 milhões de habitantes.
"Vamos derrotar esta guerra elétrica com a força imensa que, como povo, acumulamos em nossa luta contra impérios grosseiros e seus lacaios locais", afirmou o ministro nesta terça-feira.
O apagão representa um novo golpe para uma economia em colapso. De acordo com estimativas da oposição e de sindicatos, a paralisação do início de março provocou prejuízos de um bilhão de dólares.
O corte de energia elétrica de uma semana afetou com força os hospitais, já penalizados pela falta de insumos e medicamentos. ONGs afirmaram que pelo menos 10 pacientes morreram em consequência do apagão.
Após a crise, Maduro anunciou uma reestruturação do gabinete e prometeu uma "transformação profunda" das empresas do setor, além de blindar a infraestrutura com as Forças Armadas. Mais de uma semana depois não aconteceram mudanças no ministério.
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