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Governo francês estuda cortar impostos para acabar com crise dos 'coletes amarelos'

08/04/2019 14h10

A França deve realizar cortes de impostos audaciosos, sugeriu o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, que apresentou hoje os resultados de uma consulta nacional sem precedentes de dois meses destinada a combater a crise dos "coletes amarelos".

"Há uma imensa exasperação fiscal" entre os franceses, disse Edouard Philippe em um discurso transmitido pela televisão, no qual detalhou as principais preocupações dos 1,5 milhão de franceses que participaram dessa consulta nacional por meio da internet ou de reuniões locais.

"Os debates indicaram claramente o caminho a percorrer: precisamos reduzir os impostos e reduzi-los mais rapidamente", disse o primeiro-ministro francês, que, contudo, não revelou nenhuma medida concreta.

Foi justamente o aumento das tarifas sobre combustíveis que desencadeou a revolta dos "coletes amarelos", um movimento popular que nasceu nas redes sociais em meados de novembro.

Desde então, milhares de franceses, identificáveis pelos seus coletes fluorescentes, saem às ruas todos os sábados para protestar e exigir uma melhoria do poder de compra, além de expressar a insatisfação das classes populares.

No entanto, à medida que as semanas passam, esse movimento, que foi marcado por atos violentos, registra uma queda na participação. No sábado passado, o 21º consecutivo dos protestos, 22 mil pessoas se manifestaram na França, ante 282 mil em 17 de novembro, em seu primeiro dia de mobilização.

Este debate, convocado em janeiro pelo presidente Emmanuel Macron para buscar uma saída para a pior crise de seu governo, resultou em 2 milhões de contribuições online e mais de 10.000 reuniões locais nas quais os franceses expuseram suas principais preocupações e reivindicações.

Além da redução de impostos, Philippe disse que os franceses querem se sentir mais envolvidos na gestão do país e na luta contra as mudanças climáticas.

"Chegamos a um ponto em que duvidar seria pior do que cometer um erro, seria uma falha", disse Philippe. "A necessidade de mudança é tão radical que qualquer conservadorismo, qualquer timidez seria imperdoável", acrescentou.