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Campanha para eleições europeias começa; May retoma negociação sobre o Brexit

23/04/2019 13h21

Londres, 23 Abr 2019 (AFP) - À sombra do processo caótico do Brexit, um novo partido pró-europeu britânico lançou, nesta terça-feira, sua campanha para as eleições europeias que Theresa May quer evitar negociando com a oposição de esquerda, enquanto na direita continuam os esforços para expulsá-la do poder.

A pausa da Semana Santa permitiu ao país esquecer por alguns dias o frenesi em torno da saída da União Europeia, inicialmente prevista para 29 de março e adiada por duas vezes pela recusa do Parlamento britânico em aprovar o acordo assinado em novembro por May com Bruxelas.

A primeira-ministra reuniu esta manhã o seu conselho de ministros, que tem menos de um mês para encontrar uma solução para o bloqueio se quiser escapar da organização das eleições para o Parlamento Europeu em 23 de maio.

Os líderes dos outros 27 países da UE, reunidos em uma cúpula extraordinária em 10 de abril, concordaram com uma prorrogação aos britânicos até 31 de outubro, mas permitindo uma saída antes.

E May quer conseguir isto nas próximas semanas para não ter de participar nas eleições europeias quase três anos depois do referendo em que 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit.

Mas os preparativos para estas eleições já estão em andamento. Nesta terça, o Change UK, que reúne ex-membros dos partidos Trabalhista e Conservador insatisfeitos com suas respectivas estratégias para o Brexit, lançou sua campanha.

Em um ato em Bristol, esta nova formação pró-europeia apresentou seus líderes de lista, que incluem os jornalistas Gavin Esler e Rachel Johnson, irmã do ex-chanceler eurocético Boris Johnson.

"Eu sinto que tenho que me levantar e defender o que acredito, que estamos muito melhor na Europa", afirmou Rachel.

No campo oposto, também apresentou seus candidatos o eurofóbico Nigel Farage, que depois de abandonar o partido UKIP, iniciou a corrida para a Eurocâmara com uma nova formação, o Partido do Brexit.

"O dia 23 de maio é apenas o começo. Temos um sistema de dois partidos e os dois servem apenas a si mesmos", declarou Farage.

Por sua vez, na tentativa de obter o apoio da oposição de esquerda para o seu acordo do Brexit, May empreendeu negociações no início de abril com o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn.

A líder conservadora quer que o país deixe a união aduaneira e o mercado único europeu para fechar acordos de livre comércio com países terceiros e controlar a entrada de trabalhadores da UE. Mas o Partido Trabalhista defende uma união alfandegária que proteja as empresas e empregos, além de manter relações estreitas com a UE.

Apesar das dificuldades, o jornal The Guardian informou que May poderia tentar submeter novamente seu acordo aos deputados a partir da próxima semana em uma aposta arriscada para evitar a organização das eleições europeias.

O Comitê 1922, responsável pela organização interna dos deputados conservadores, deve se reunir para discutir a saída de May.

A premier prometeu deixar o cargo assim que seu acordo de divórcio fosse adotado, mas os eurocéticos querem sua saída imediata.

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