Zahran Hashim, o islamita radical ligado aos atentados do Sri Lanka
Há anos, alguns membros da comunidade islâmica no Sri Lanka alertam para o perigo representado por Hashim Zahran, um clérigo radical que pode ter desempenhado um papel central nos atentados do domingo de Páscoa que deixaram mais de 350 mortos.
Em um vídeo divulgado ontem pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que assumiu a responsabilidade pelos ataques, aparece Hashim, um homem de rosto redondo e o único entre as sete pessoas que aparece nas imagens com o rosto descoberto.
Vestido com uma túnica preta e carregando um rifle, Hashim aparece no centro dos supostos agressores, que juram lealdade ao líder do EI, Abu Bakr Al-Baghdadi.
As outras sete pessoas usam as mesmas vestes pretas e escondem seus rostos com lenços xadrez preto e branco.
O governo do Sri Lanka já apontou indiretamente a responsabilidade de Hashim nos ataques, quando disse que o principal suspeito era o grupo que ele supostamente lidera, chamado National Thowheeth Jama'ath (NTJ).
Hashim também foi identificado pela polícia (embora com uma ortografia incorreta, Hashmi) como líder do NTJ. O vídeo divulgado pelo EI é a primeira evidência concreta, porém, de seu suposto papel nos ataques de Páscoa.
'Solitário'
Hashim era quase desconhecido antes do massacre, mesmo dentro do Sri Lanka. Em redes sociais como o YouTube e o Facebook, conseguiu atrair milhares de seguidores com seus sermões incendiários.
Em um deles, ostentando uma barba preta desgrenhada, o clérigo lança um discurso violento contra os não-muçulmanos em frente a um painel com uma imagem de bandeiras em chamas.
O vice-presidente do Conselho Muçulmano do Sri Lanka, Hilmy Ahamed, explicou à AFP que, há três anos, procurou as autoridades locais, preocupado com Hashim.
"Essa pessoa era um solitário e radicalizou os jovens sob o disfarce de ensinar o Alcorão", lembra ele.
"Mas ninguém pensava que essas pessoas seriam capazes de realizar um ataque de tamanha magnitude", acrescentou Ahamed, explicando que Hashim, também conhecido como Mohamed Zahran e Mulavi Hashim, tem cerca de 40 anos de idade e nasceu na região costeira, onde fica a cidade de Batticaloa.
O único dos ataques de domingo fora da região de Colombo, a capital do Sri Lanka, ocorreu precisamente em Batticaloa, na igreja de Sião.
Vivo, ou morto?
"Zahran veio de uma típica família de classe média muçulmana. Ele não terminou os estudos", disse Ahamed, contando que estudou em uma universidade islâmica de Kattankudy, uma cidade predominantemente muçulmana do leste do Sri Lanka.
A comunidade muçulmana local passou a considerá-lo uma ameaça e houve problemas na mesquita de Thowheeth.
"Na mesquita havia conflitos contínuos com os muçulmanos tradicionais. Uma vez, Zahran sacou uma espada para matar as pessoas que pertenciam à mesquita muçulmana tradicional", relatou Ahamed.
Segundo a imprensa local, Hashim Zahran formou o NTJ em Kattankudy em 2014. Hoje ainda não estava claro, porém, se foi este, ou outro grupo dissidente, que cometeu os ataques no domingo.
O vice-ministro da Defesa, Ruwan Wijewardene, disse hoje que foi um grupo dissidente do NTJ.
"Acreditamos que o líder desse grupo também tenha cometido suicídio nos ataques", disse ele, embora tenha se recusado a confirmar se era Zahran Hashim ou outra pessoa.
As autoridades do Sri Lanka ainda estão investigando até que ponto o EI ajudou os atacantes. De acordo com Hilmy Ahamed, o clérigo era conhecido por suas conexões internacionais.
"Todos os seus vídeos foram enviados da Índia. Ele usava barcos de contrabandistas para ir e voltar do sul da Índia", assegura.
Já uma fonte próxima à investigação disse à AFP que não há evidências de que Hashim esteja entre os homens-bomba.
"Até que tenhamos provas de DNA de todos, não podemos ter certeza", afirmou a fonte.
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