Guterres convoca Moscou e Ancara para 'estabilizar situação' na Síria
Nações Unidas, Estados Unidos, 19 Jun 2019 (AFP) - O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, convocou nesta terça-feira Rússia e Turquia para "estabilizar sem demora a situação" na província síria de Idlib, tema de uma reunião de emergência durante a tarde no Conselho de Segurança.
"Estou profundamente preocupado com o agravamento da luta em Idlib, e a situação é especialmente perigosa à medida que aumenta o número de atores envolvidos. Mais uma vez, os civis estão pagando um preço horrível", disse Guterres a jornalistas.
Rússia e Turquia firmaram em setembro de 2018 um memorando para reduzir a tensão em Idlib, controlada pelos rebeldes.
As declarações ocorrem antes da reunião aberta do Conselho de Segurança para discutir a situação, solicitada por Bélgica, Alemanha e Kuwait, membros não permanentes do Conselho que supervisionam as ações humanitárias da ONU na Síria.
"Não há uma solução militar para a crise síria. A solução deve ser política", disse Guterres, destacando a necessidade de se respeitar os direitos humanos e a lei humanitária internacional "inclusive na luta contra o terrorismo".
"Estamos diante de uma catástrofe humanitária", advertiu o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock.
A subsecretária para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, também falou em "catástrofe humanitária" em Idlib.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou que ao menos 55 combatentes morreram nesta terça-feira no noroeste do país em confrontos entre as forças pró-regime e jihadistas do grupo Hayat Tahrir al Sham (HTS), apoiados pelos rebeldes.
Em maio, o Conselho de Segurança realizou várias reuniões sobre a Síria e a situação na província de Idlib. A ONU temia um desastre humanitário com o prosseguimento dos confrontos.
Nas últimas semanas, Idlib se tornou alvo de bombardeios quase diários do regime sírio e de seu aliado russo, apesar de a região integrar o acordo firmado em setembro entre Moscou e Ancara sobre a criação de uma "zona desmilitarizada".
O aumento da violência na província, onde vivem cerca de três milhões de pessoas, já deixou mais de 400 mortos e 270 mil deslocados desde o final de abril, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
A guerra civil na Síria começou em 2011 e já matou mais de 370 mil pessoas, além de deixar milhões de deslocados.
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