Quem são as democratas que Trump mandou voltar para seus países de origem
Representantes de minorias, as quatro congressistas democratas americanas atacadas por Donald Trump encarnam a ala mais à esquerda de seu partido e, para alguns, também seu futuro, graças à sua resoluta oposição ao presidente - nem sempre isenta de polêmicas.
Desde sua chegada à Câmara de Representantes em janeiro deste ano, passaram a ser conhecidas como "O Esquadrão".
Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York), Ilhan Omar (Minnesota), Ayanna Pressley (Massachusetts) e Rashida Tlaib (Michigan) fazem parte dos novos rostos que permitiram aos democratas retomar o controle da Câmara Baixa do Congresso, após as eleições de meio de mandato ("midterms") de novembro passado.
As quatro combatem o magnata republicano com suas mesmas armas - as redes sociais - e querem levar o partido a adotar suas propostas progressistas. Esta agenda enfrenta a resistência dos democratas tradicionais, situados mais ao centro do espectro político.
Filha de um americano e de uma porto-riquenha, Ocasio-Cortez, de 29 anos, cresceu no nova-iorquino bairro do Bronx. "AOC" se diz "socialista" e divulga amplamente sua mensagem, graças a seus 4,7 milhões de seguidores no Twitter.
É a mais carismática neste grupo de mulheres e se prevê que terá um futuro certo na política americana.
Em meados de junho, "AOC" causou polêmica ao comparar os centros de detenção de imigrantes na fronteira com o México a "campos de concentração" e ao chamar de "fascista" a presidência americana.
Seus críticos a acusam de "manchar a memória" das vítimas do Holocausto.
Seu projeto de imposto para os mais ricos, de um controle mais estrito sobre os bancos e suas críticas à "timidez" do plano climático do ex-vice-presidente Joe Biden, pré-candidato democrata na corrida para 2020, geram resistência em seu próprio partido.
Boicote e antissemitismo
Omar e Tlaib, as duas primeiras mulheres muçulmanas a ingressarem no Congresso, são habitualmente acusadas de antissemitismo desde que aderiram a uma campanha internacional de boicote a Israel (BDS no inglês).
Sempre usando seu véu islâmico, Omar, de 37, fez comentários sobre Israel que foram considerados antissemitas por vários congressistas, inclusive democratas.
Em fevereiro passado, a representante denunciou que muitos legisladores defendem Israel por interesse financeiro.
Filha de refugiados somalis que chegaram a Minnesota quando ela tinha 12 anos, Omar negou que suas declarações tenham sido antissemitas e pediu desculpas a quem viu dessa forma.
Em março, foi acusada de minimizar os atentados do 11 de Setembro, os mais letais já ocorridos em solo americano.
À época, Trump publicou um vídeo, associando as declarações de Omar a imagens das Torres Gêmeas de Nova York, devoradas pelas chamas. Depois, o presidente voltou a acusá-la de apoiar a Al-Qaeda.
Tlaib, de 42, nasceu em Detroit, em uma família palestina. Esta ex-advogada que fez do pedido pelo "impeachment" de Trump o eixo de sua campanha no estado do Michigan, defendeu em janeiro a campanha BDS. Segundo ela, nos Estados Unidos, o boicote "é um direito".
"É parte do nosso combate histórico pela liberdade e pela igualdade", acrescentou.
Pressley, de 45, é a primeira mulher negra a representar o estado de Massachusetts em Washington. Integra, junto com Tlaib e Ocasio-Cortez, a poderosa Comissão de Finanças da Câmara.
Crítica ferrenha da política migratória do atual governo, denunciou as condições, em que imigrantes centro-americanos são retidos nas instalações da Polícia de Fronteira. "Estão em jaulas", afirmou.
Para Pressley, o "esquadrão" não se limita às quatro legisladoras.
"Nosso esquadrão inclui qualquer pessoa que se dedique à construção de um mundo mais justo e mais igual", declarou ontem
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