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Judeus e ciganos se reúnem em Auschwitz, 75 anos após Holocausto

O ativista dos direitos civis dos EUA Jesse Jackson, ativista romani e chefe do Conselho Central dos Sinti alemães e Roma Romani Rose e o líder romano Roman Kwiatkowski colocam flores no local do memorial do antigo campo de extermínio nazista alemão de Auschwitz-Birkenau - Alik Keplicz/AFP
O ativista dos direitos civis dos EUA Jesse Jackson, ativista romani e chefe do Conselho Central dos Sinti alemães e Roma Romani Rose e o líder romano Roman Kwiatkowski colocam flores no local do memorial do antigo campo de extermínio nazista alemão de Auschwitz-Birkenau Imagem: Alik Keplicz/AFP

Em Oswiecim (Polónia)

02/08/2019 12h21

Judeus e ciganos sobreviventes do Holocausto se reuniram hoje, em Auschwitz-Birkenau, para relembrar o 75º aniversário do massacre dos últimos ciganos internados nesses "campos gêmeos".

O ativista americano dos direitos civis, pastor Jesse Jackson, que participou da cerimônia, falou do "Holocausto esquecido" do povo cigano e pediu vigilância diante da escalada da extrema-direita na Europa e nos Estados Unidos.

Em meio aos mais de seis milhões de judeus exterminados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha de Hitler reservou o mesmo destino a cerca de meio milhão de membros do povo cigano. A data de hoje, 2 de agosto, foi proclamada o dia de memória de seu Holocausto.

Cerca de 23 mil ciganos de toda Europa foram deportados para Auschwitz-Birkenau entre março de 1943 e julho de 1944. Quase todos foram mortos.

Em 2 de agosto de 1944, quando a derrota da Alemanha parecia cada vez mais provável, os nazistas mataram entre os cerca de 4.300 derradeiros sobreviventes no campo de concentração de Birkenau.

"Três dos meus quatro irmãos e irmãs e minha mãe biológica foram assassinados pelos nazistas. Eu sobrevivi por sorte e pela ajuda desinteressada de outras pessoas", disse Else Baker, um cigano sobrevivente.

"Nós, os sobreviventes, temos de defender os direitos humanos e a democracia. Não podemos, nunca, dar como garantido que os crimes nazistas não voltarão a se repetir", acrescentou.

"Quero que aqueles que mataram essas pessoas ouçam por tudo sua vida, e mesmo depois, os horríveis ecos daquela noite e sintam o medo que as vítimas viveram", declarou Eva Fahidi, uma judia que testemunhou o massacre.

O pastor Jackson comparou os sofrimentos dos ciganos na Europa ao dos afro-americanos nos Estados Unidos e pediu que os movimentos de extrema-direita em ascensão sejam contidos o mais rápido possível.

"Os povos ciganos da Europa são, basicamente, confrontados à mesma prova que os afro-americanos, vítimas do genocídio e da violência, privação do direito de voto, segregação e marginalização", afirmou ele, diante de algumas centenas de pessoas reunidas em Birkenau.

Nômades por muito tempo, os ciganos teriam migrado para a Europa, saindo do noroeste do subcontinente indiano por volta do século XI. Hoje, seu número estimado na Europa é de entre 10 e 12 milhões de pessoas. Suas condições de vida ainda são, em geral, difíceis e precárias.