Índia anuncia detenção de três líderes políticos da Caxemira
A Índia anunciou a detenção de três líderes políticos na Caxemira considerados uma ameaça para a paz, depois que o governo indiano decidiu revogar a autonomia constitucional desta região de maioria muçulmana reivindicada pelo Paquistão.
Os três foram levados para uma "residência" do governo, transformada em centro de detenção, na segunda-feira, obedecendo uma ordem judicial.
Também na segunda-feira, Nova Délhi anunciou a decisão de eliminar o estatuto especial que a Caxemira tem desde a independência da Índia em 1947, quando a região foi dividida entre Índia e Paquistão.
"É provável que suas atividades provoquem uma violação da manutenção da paz", afirmava a ordem que permitiu a transferência dos líderes políticos.
Dois ex-chefes do Executivo de Jammu e Caxemira, Mehbooba Mufti e Omar Abdullah, assim como o líder do partido regional Sajad Lone, foram inicialmente colocados sob prisão domiciliar no fim de semana.
A ordem judicial não apresenta acusações criminais específica.
As autoridades temem que estes líderes políticos organizem um protesto contra a revogação da autonomia constitucional de Jammu e Caxemira e sua dissolução, medidas anunciadas ontem pelo governo nacionalista hindu do primeiro-ministro Nerendra Modi.
As medidas sem precedentes, preparadas em segredo, podem provocar uma revolta violenta no vale de maioria muçulmana de Srinagar.
Muitos moradores da região himalaia são hostis à Índia e defensores da autonomia que prevalecia desde a criação da república federal indiana, há sete décadas.
A Caxemira estava isolada do mundo pelo segundo dia consecutivo, com linhas de telefone e a conexão de internet suspensas, além de milhares de soldados nas ruas para impor o toque de recolher.
Todas as formas de comunicação estão bloqueadas desde domingo à noite. Viagens e reuniões foram proibidas.
Nova Délhi organizou um grande esquema de segurança para impedir uma revolta.
Nesta terça-feira, a imprensa indiana celebra a revogação da autonomia da Caxemira, mas alguns meios de comunicação expressam preocupação pela maneira como a medida foi adotada, sem debate público ou parlamentar.
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