Índia revoga a autonomia constitucional da Caxemira e acirra tensão com Paquistão
O governo da Índia anunciou hoje a revogação da autonomia constitucional da Caxemira. A decisão é considerada extremamente grave na região que é cenário de uma insurreição separatista e disputada com o Paquistão.
As autoridades nacionalistas hindus apresentaram nesta manhã um decreto presidencial que suprime a situação especial do estado de Jammu e Caxemira, no norte do país. A autonomia da região, de maioria muçulmana, estava garantida pela Constituição indiana.
O ministro indiano do Interior, Amit Shah, anunciou a medida no Parlamento, o que provocou a revolta da bancada da oposição. "O decreto presidencial entra em vigor imediatamente e substitui de modo imediato os artigos constitucionais relativos a Jammu e Caxemira, especialmente o 370", afirma o comunicado divulgado pelo governo.
O artigo 370 da Constituição indiana concedia um estatuto especial ao estado de Jammu e Caxemira e autorizava o governo central de Nova Délhi a legislar apenas nas áreas de Defesa, Relações Exteriores e Comunicação nesta região. Os demais setores dependiam da assembleia legislativa local.
Com o anúncio, a Caxemira deve se tornar um território da Índia, continuará tendo seu próprio parlamento, mas Nova Délhi dominará a região. A decisão deve causar um terremoto entre os separatistas que reivindicavam nas últimas décadas uma autonomia ainda maior e até mesmo sua independência completa.
Nos últimos dias, a Índia enviou 35 mil soldados ao local. Desde ontem, os dirigentes da Caxemira estão sendo monitorados. Tanto internet quanto o telefone foram cortados na região. As autoridades indianas também pediram que os turistas deixem o território.
70 mil mortos em 30 anos
Índia e Paquistão disputam há décadas a Caxemira: quase 70 mil pessoas, em sua maioria civis, morreram nos últimos 30 anos em conflitos entre as duas nações vizinhas, de acordo com organizações que monitoram a situação. A região, de maioria muçulmana, conquistou sua autonomia em 1947.
O governo paquistanês classificou a decisão da Índia como "ilegal". "O Paquistão condena fortemente e rejeita o anúncio" feito nesta segunda-feira pelo governo indiano, afirma o ministério das Relações Exteriores em um comunicado.
"Nenhuma medida unilateral do governo indiano pode modificar este estatuto contestado", completa o texto. Por isso, o governo paquistanês promete fazer "tudo o que estiver a seu alcance para contra-atacar as medidas ilegais".
(Com informações da AFP)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.