Santiago após o caos: panelaços, metrô paralisado e militares nas ruas
Orgulho dos chilenos e principal transporte público da capital do país, o metrô de Santiago está paralisado por conta da destruição de mais de 40 estações durante os violentos protestos realizados na sexta-feira (18) contra o aumento da passagem, levando o governo a ordenar a presença de militares nas ruas pela primeira vez no período democrático.
O centro de Santiago amanheceu em meio a destroços, com muito lixo espalhado, carcaças de ônibus queimados e várias bicicletas de aluguel destruídas nas ruas.
No início da manhã, os militares já patrulhavam alguns pontos da cidade, mas não havia um cordão de isolamento em frente ao palácio presidencial, apesar da segurança reforçada no local, onde o presidente Sebastián Piñera decretou durante a noite de ontem "estado de emergência" por 15 dias.
Os violentos protestos e a depredação de estações do metro e sede de órgãos públicos levaram o presidente a ordenar a presença de militares nas ruas pela primeira vez desde o retorno da democracia (1990) por protestos sociais.
Segundo o general a cargo da operação, Javier Iturriaga, cerca de 500 militares estão patrulhando a capital, que na véspera foi palco de saques, confrontos e incêndios em vários pontos.
"Hoje, pela manhã, a cidade está calma", afirmou chefe militar.
Panelaços
Milhares de pessoas participaram de um panelaço neste sábado (19) na capital e em outras cidades do Chile. No centro de Santiago e bairros de classe média como Ñuñoa, Providencia e Maipú, moradores batendo em panelas em apoio ao movimento contrário ao aumento das passagens do metrô.
Em outras regiões e cidades como Valparaíso e Viña del Mar também ocorreram manifestações com milhares de pessoas gritando palavras de ordem contra o presidente Sebastián Piñera mas sem causar tumulto.
Dia de fúria
Convocados inicialmente pelas redes sociais, os protestos começaram por conta do aumento nos bilhetes do metrô, que passaram de 800 para 830 pesos (cerca de 4,80 reais) nos horários de pico. Desde 2010, não havia um reajuste dessa proporção. Segundo informações oficiais, o acerto foi feito por conta da alta do preço do petróleo e dólar e na modernização do sistema.
As manifestações contaram inicialmente com a participação de estudantes que foram às estações e tentavam pular catracas de acesso às plataformas de embarque.
Horas mais tarde, os protestos aumentaram e geraram incidentes maiores, com manifestantes atirando paus e pedras em direção às forças policiais, que reagiram com o uso de carros de choque. A sede do governo foi cercada por um perímetro de segurança.
Mas o maior alvo da destruição foi o metrô, que teve 41 estações destruídas, algumas delas completamente queimadas.
A sede da ENEL - empresa de energia elétrica do Chile - foi incendiada. Um supermercado próximo foi atacado e saqueado.
De acordo com as informações oficiais, os incidentes na capital deixaram 308 detidos e 156 policiais e 11 civis feridos.
Com a maior extensão da América do Sul, com cerca de 140 km, o metrô é uma fonte de orgulho para os chilenos e o principal meio de transporte público, utilizado diariamente por cerca de três milhões dos sete milhões de habitantes da capital.
O sistema permanecerá fechado neste sábado e domingo, e as autoridades não tem previsão de retorno da operação.
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