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Presidente francês diz que Otan está em "morte cerebral"

10.set.2019 - O presidente da França, Emmanuel Macron - Ludovic Marin - 10.set.2019/AFP
10.set.2019 - O presidente da França, Emmanuel Macron Imagem: Ludovic Marin - 10.set.2019/AFP

Em Paris

07/11/2019 08h18

O presidente francês, Emmanuel Macron, considera que a Otan se encontra em estado de "morte cerebral" pela falta de coordenação entre Europa e Estados Unidos e as ações agressivas na Síria por parte da Turquia, um de seus membros chave.

"O que estamos vivendo atualmente é a morte cerebral da Otan", declarou Macron à revista The Economist, em uma entrevista publicada hoje.

"Não há nenhuma coordenação na tomada de decisões estratégicas entre Estados Unidos e seus aliados da Otan. Nenhuma. Há uma ação agressiva, descoordenada, de outro aliado da Otan, a Turquia, em uma zona em que nossos interesses estão em jogo", completou Macron.

"Devemos esclarecer quais são as finalidades estratégicas da Otan", disse o chefe de Estado francês, a menos de um mês da reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte em Londres.

Emmanuel Macron também falou durante a entrevista sobre suas dúvidas a respeito do futuro do artigo 5 da Otan, que estabelece que um ataque contra um Estado membro da organização é considerado um ataque contra todos.

"O que significará o artigo 5 amanhã? Se o regime de Bashar al-Assad decidir adotar represálias contra a Turquia, vamos nos comprometer com eles? É uma pergunta crucial", disse Macron.

"Entramos no conflito para lutar contra o 'Daesh' (acrônimo árabe do grupo Estado Islâmico). O paradoxo é que tanto a decisão americana como a ofensiva turca apresentaram o mesmo resultado: sacrificar nossos sócios que lutaram contra o Daesh no campo de batalha, as Forças Democráticas Sírias", lamenta o presidente francês.

"Do ponto de vista estratégico e político, o que está acontecendo é um grande problema para a Otan", acrescentou Macron, que considera essencial que a defesa europeia seja "mais autônoma em termos de estratégia e capacidade militar" e defendeu a retomada do diálogo estratégico com a Rússia.