Segunda semana de audiências no Congresso aumenta pressão sobre Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta nesta terça-feira (19) a ameaça de novos depoimentos que podem prejudicá-lo, na segunda semana de audiências públicas da investigação prévia a um eventual processo de impeachment na Câmara de Representantes.
O tuíte publicado ontem por Trump, no qual indicou que poderia comparecer para depor, não teve qualquer impacto no calendário que o Comitê de Inteligência da Câmara tem previsto para esta semana, com nove testemunhas convocadas.
O mais importante é o de Gordon Sondland, o embaixador americano na União Europeia. Ele teria transmitido ao governo da Ucrânia o pedido de Trump para que Kiev buscasse informações comprometedoras para serem usadas contra o ex-vice-presidente Joe Biden, um dos pré-candidatos democratas favoritos na corrida pela Casa Branca em 2020.
As audiências também incluem diplomatas que já foram sabatinados a portas fechadas na Câmara.
Em seu depoimento, estes funcionários declararam que Trump e Sondland pressionaram Kiev, reiteradamente, a abrir uma investigação contra Biden. Para aumentar a pressão, a Casa Branca teria retido quase 400 milhões de dólares em ajuda de defesa e condicionado uma visita à Casa Branca do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, à obtenção destas informações.
Em carta enviada a seus correligionários na segunda-feira, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi disse que Trump teve comportamentos que correspondem à "extorsão e ao suborno".
"Os fatos são indiscutíveis", afirmou.
Trump poderá testemunhar por escrito
Caminhando para se tornar o terceiro presidente americano a ser submetido a um processo de impeachment, Trump disse na manhã de ontem, pelo Twitter, que considera "seriamente" testemunhar para se defender das acusações.
O presidente americano afirmou que, embora não tenha feito "nada errado" e não queira dar credibilidade ao processo que voltou a chamar de "caça às bruxas", já considera a possibilidade de testemunhar.
"Ela disse que poderia fazer isso por escrito", acrescentou, em referência às declarações de Pelosi no fim de semana.
Analistas se mostraram céticos e afirmaram que a probabilidade de que Trump realmente compareça é baixa. Durante o dia, não houve nenhuma movimentação nesse sentido - nem da Casa Branca, nem do Congresso.
Esta semana, há nove testemunhas convocadas.
Hoje, já deram seu depoimento Jennifer Williams, assessora do vice-presidente Mike Pence, e Alexander Vindman, especialista em Ucrânia no Conselho de Segurança Nacional.
Ambos ouviram o polêmico telefonema de Trump para Zelenski, em 25 de julho, no qual o republicano teria pressionado seu colega ucraniano para iniciar uma investigação contra Biden.
Em sessão aberta pela primeira vez, os dois disseram terem ficado surpresos e preocupados com os pedidos de Trump.
O tenente-coronel Alexander Vindman relatou ter ficado tão alarmado pelo que ouviu que informou a "inadequada" discussão aos advogados do Conselho de Segurança Nacional, "por um senso de dever".
Já Jennifer Williams contou que avaliou como "incomum" a referência de Trump a Biden no telefonema com o presidente Zelensky, ao tratar de política doméstica.
À tarde, estão programados os depoimentos do ex-enviado especial para a Ucrânia Kurt Volker, que renunciou ao cargo em setembro, e do assessor em segurança Timothy Morrison.
Esta semana, os democratas podem concluir a fase de investigação e começar a preparar as provas coletadas para enviá-la para a Comissão Judiciária da Câmara. Este é o comitê encarregado de redigir as acusações no processo de impeachment.
Uma pesquisa publicada ontem mostra que 51% dos americanos consideram que Trump deveria ser submetido a um processo no Congresso e destituído. Esse percentual representa um avanço em relação aos 48% que apoiavam esta opção antes das audiências públicas.
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