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Albânia enterra seus mortos no terremoto que matou quase 50 pessoas

Militares buscam sobreviventes após prédio desabar em Thumane, após um terremoto atingir várias cidades da Albânia - Florion Goga/Reuters
Militares buscam sobreviventes após prédio desabar em Thumane, após um terremoto atingir várias cidades da Albânia Imagem: Florion Goga/Reuters

29/11/2019 15h28

Tirana, 29 Nov 2019 (AFP) — Os albaneses enterraram seus mortos nesta sexta-feira após o violento terremoto em que 49 pessoas morreram e mais de 5.000 perderam suas casas, de acordo com um novo balanço divulgado pelo primeiro-ministro, Edi Rama.

O terremoto, de 6,4 graus de magnitude, foi o mais violento dos últimos cem anos na Albânia e ocorreu antes do amanhecer, quando a maioria da população estava em casa dormindo.

O epicentro do tremor se situou no mar Adriático, 34 quilômetros ao noroeste de Tirana, a uma profundidade de 10 km, segundo o Centro Sismológico Euromediterrâneo.

O sismo foi registrado às 03h54 (23H54 em Brasília). Em Tirana, onde 70 edifícios e 250 casas ficaram muito danificados, os habitantes, apavorados, saíram às ruas.

Edifícios inteiros desabaram e muitas pessoas ficaram presas nos escombros.

O tremor foi sentido inclusive na região dos Bálcãs, em Sarajevo, a cerca de 400 km, e na cidade sérvia de Novi Sad a 700 km, segundo a imprensa e os alertas publicados por habitantes nas redes sociais.

As cidades de Durres, de 400.000 habitantes e muito turística, na costa Adriática, e Thumane, ao norte de Tirana, foram especialmente afetadas.

Depois de três dias sem descanso, as equipes de resgate de toda a Europa continuavam nesta sexta-feira buscando sobreviventes entre as montanhas de escombros em Durres, onde ainda há desaparecidos.

O terremoto deixou também um saldo de 750 feridos. Entre os falecidos, segundo o chefe de governo, há famílias inteiras.

Cerca de 3.500 pessoas carecem de casas, das quais cerca de mil estão alojadas em centros de acolhimento, enquanto o resto vive com parentes.

"Foram resgatadas com vida dos escombros 45 pessoas", acrescentou Rama. Os socorristas albaneses contam com o apoio de mais de 200 especialistas italianos, gregos e franceses, aos quais se somam cães e material especializado.

O primeiro-ministro prometeu novas casas em 2020 para todas as famílias afetadas. As autoridades, as ONGs e as instituições privadas pediram doações para ajudar as vítimas. "Segundo uma primeira estimativa, as contribuições ultrapassam cinco milhões de euros e 1,5 milhão de dólares", declarou o chefe de governo.

A Albânia celebrou nesta quarta-feira um dia de luto nacional. Foram canceladas as festividades da independência, em 28 e 29 de novembro.

Este país é conhecido por seu urbanismo selvagem, especialmente nas zonas turísticas. Segundo um sismólogo albanês, Rrapo Ormeni, trata-se do terremoto mais potente na região turística de Durres desde 1926.

O arquiteto albanês Maks Velo questiona, em uma entrevista à AFP, um "desenvolvimento caótico" no qual os construtores "adicionam andares sem permissão", com material que não cumpre as normas de segurança.

Os Bálcãs experimentam uma forte atividade sísmica devido aos movimentos das placas tectônicas africanas e euroasiáticas, assim como os da microplaca adriática. Aqui os sismos são frequentes. Em 1963, um terremoto deixou cerca de mil mortos em Skopje.