Itália inicia abertura da quarentena em meio a temor sobre covid-19
Em uma Europa que iniciou um processo gradual de abertura das normas de isolamento social, a Itália espera ansiosa a suspensão parcial das restrições que começam no país amanhã.
"Quero levar minha mãe idosa para o mar, posso?", pergunta Pietro Garlanti, de 53 anos, de máscara e luvas de plástico, enquanto compra o jornal em uma banca em Roma.
"Espero que os jornais nos digam o que podemos e o que não podemos fazer", completou.
Neste domingo de manhã, assim como nos últimos dois meses, as grandes avenidas históricas do centro de Roma estavam quase desertas. Apenas alguns atletas quebravam o silêncio, praticando corrida ao redor dos prédios, ou fazendo ginástica nas varandas e terraços.
Embora muitos países tenham começado a suavizar o confinamento, ou pretendam começar a fazer isso nesta semana, 4,6 bilhões de pessoas ainda estão em suas casas, ou sujeitas a restrições de movimento, devido à pandemia do novo coronavírus.
Já são quase 242 mil mortos no mundo. Pelo menos 85% deste total corresponde à Europa e aos Estados Unidos. Na Itália, o número de óbitos está perto de 29 mil, sobretudo, no norte da Lombardia.
"É um pouco confuso"
Sujeitos a um rígido confinamento desde 9 de março, os italianos se preparam para uma suspensão gradual das medidas, a partir de segunda-feira.
"Não baixe a guarda. A fase II começa. Devemos estar conscientes de que este será o começo de um desafio ainda maior", alertou o chefe da célula encarregada de responder à pandemia, Domenico Arcuri.
Ele ressaltou que a "liberdade relativa" que os italianos terão a partir de agora pode ser frustrada, em caso de um aumento de infecções.
Os italianos aguardam ansiosamente a reabertura de parques, a possibilidade de visitarem a família, fazerem reuniões de no máximo 10 pessoas, ou deslocamentos circunscritos ao interior da comuna de residência.
As medidas variam nas 20 regiões do país, contribuindo para a confusão. Calábria e Veneto, por exemplo, já reduziram as restrições e autorizaram a reabertura de bares e restaurantes, mas sem varanda.
Vários setores da economia, como construção, automóveis, ou luxo, foram retomados em 27 de abril. Já as escolas reabrem apenas em setembro.
Mãe de três filhos, Marghe Lodoli diz que, "por um lado, estamos muito impacientes com essa reabertura, já estamos organizando as atividades das crianças do lado de fora com os avós, mas, por outro, é um pouco confuso, pois as regras não são muito claras e bom senso pode não ser suficiente".
Também muito afetada pela pandemia, com 24.760 mortes, a França planeja iniciar o desconfinamento em 11 de maio, mas de maneira muito prudente e em ritmos diferentes, de acordo com as regiões.
No sábado (2), o governo decidiu estender por dois meses, até 24 de julho, o estado de emergência sanitária em vigor desde 24 de março.
Volta da Bundesliga?
Presos em casa desde meados de março, os 47 milhões de espanhóis começaram a descobrir a felicidade de voltar às ruas ontem. Em Madri, Barcelona e em outras cidades, muitas pessoas saíram para correr, tomar ar, às vezes em grupo.
O desconfinamento do país será feito em várias fases até o final de junho. O número de mortos nas últimas 24 horas caiu para 164, o número mais baixo desde 18 de março.
Na Alemanha, a suspensão das restrições já está em andamento, com as escolas reabrindo gradualmente em algumas regiões na segunda-feira.
Outro sinal de normalização, o ministro alemão do Interior e dos Esportes foi favorável, neste domingo, à retomada da Bundesliga, conforme entrevista publicada no jornal "Bild".
"Eu apoio a retomada em maio", disse Horst Seehofer três dias antes de uma reunião das autoridades alemãs para decidir sobre o assunto, enquanto a Liga Alemã (DFL) é a favor da retomada dos jogos a portas fechadas em meados de maio.
A Bundesliga seria o primeiro grande campeonato europeu a dar esse passo.
Na Áustria, as ruas comerciais de Viena recuperaram ontem a agitação, com a reabertura das lojas, enquanto nos países escandinavos as "medidas de barreira" e de distanciamento social permanecem, mas as pessoas podem sair às ruas.
Na Grã-Bretanha, o pico da pandemia foi atingido, de acordo com o primeiro-ministro Boris Jonhson, que prometeu um plano de desconfinamento na próxima semana.
Com 28.131 mortes no sábado, o país é o segundo mais afetado na Europa, atrás da Itália.
A princípio, os passageiros do Eurostar —o trem que atravessa um túnel pelo canal inglês— terão de usar máscaras, anunciou a empresa.
Nos Estados Unidos, onde há 66.000 mortos e os balanços diários continuam sendo terrivelmente trágicos, alguns Estados estão suavizando as medidas de restrição. O objetivo é relançar a economia, que sofreu, assim como no restante do mundo, um duro golpe.
As manifestações para a "reabertura da América" se multiplicam no país, onde o vírus atinge os 2,3 milhões de presos e agentes do sistema carcerário americano.
"Neste momento, é um inferno", resume um agente penitenciário infectado, do presídio de Marion, no estado de Ohio, onde mais de 80% dos 2.500 detentos e 175 funcionários deram positivo no teste de detecção.
Pandemia avança na América Latina
Enquanto na Europa o número de casos cai, em outras partes do mundo, como Rússia (1.280 falecidos), ou América Latina, eles estão crescendo.
Nas últimas 24 horas, a Rússia registrou 10.633 casos de contágio, totalizando 134.687 infecções confirmadas.
A América Latina já ultrapassa 250.000 casos e está perto de 15 mil mortes, particularmente no Brasil (quase 100 mil casos e 7.000 óbitos), Peru e Equador, que respondem por 86% das mortes na região e 77% dos casos diagnosticados.
Mais de cem municípios do Equador, incluindo Quito e Guayaquil, foco da pandemia no país, estenderão o confinamento ordenado pelo governo há sete semanas para conter a disseminação do coronavírus.
Na cidade brasileira de Manaus, uma das mais afetadas, o prefeito pediu à ambientalista militante Greta Thunberg que exerça sua "influência" para ajudar a combater a pandemia de Covid-19 em sua cidade, localizada no coração da Amazônia.
"Precisamos de ajuda. Precisamos salvar a vida dos protetores da floresta, salvá-los do coronavírus. Estamos enfrentando um desastre, uma barbárie", disse Arthur Virgílio Neto no Twitter, em um vídeo em inglês dirigido à famosa adolescente sueca.
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