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Presidente de Paraguai exonera chefe militar por permitir passagem na fronteira com Brasil

11.jun.2018 - Presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez - Pedro Ladeira/Folhapress
11.jun.2018 - Presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

11/05/2020 15h28

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, exonerou hoje um alto chefe militar, responsável pelo controle da fronteira com o Brasil, por permitir a passagem de um prefeito apesar das fronteiras estarem fechadas por causa da pandemia de coronavírus.

O Paraguai mantém as fronteiras fechadas com o Brasil, Argentina e Bolívia há um mês para prevenir a expansão do coronavírus, que tem 713 contágios e 10 mortes no país.

"Estamos fazendo um enorme esforço para conter a disseminação do vírus", disse Benítez a jornalistas, explicando a sua decisão, durante uma visita para supervisionar obras em uma rodovia.

O presidente havia dito dias antes que a situação de contágios no Brasil "é uma grande ameaça para o país".

O oficial militar exonerado, coronel Leonardo Ibarrola, exercia o Comando de Operações da Defesa Interna.

Ontem, tropas que respondiam a Ibarrola permitiram sob pressão que José Carlos Acevedo, prefeito da cidade de Pedro Juan Caballero (nordeste), atravessasse a fronteira e chegasse à cidade vizinha de Ponta Porã.

Em um vídeo que viralizou pelas redes sociais, Acevedo pressiona os oficiais, apresentando-se como uma autoridade e ostentando os cargos dos seus irmãos: Robert e Ronald Acevedo, governador e senador do departamento de Amambay, respectivamente.

O prefeito entrou no Brasil pela manhã e voltou à tarde, com a esposa de nacionalidade brasileira e o filho de três meses, supostamente para visitar a sogra no dia das mães.

Ao retornar, o Ministério Público pediu a captura de Acevedo por violar a lei de quarentena em andamento no país. Ele foi submetido a um isolamento doméstico por 14 dias por ordem do ministério da Saúde local.

Após o fechamento das fronteiras, cerca de 3.000 cidadãos repatriados do exterior entraram no Paraguai, a maioria deles do Brasil, e foram forçados a realizar quarentena de saúde em abrigos.

Do total de 713 casos positivos registrados em todo o Uruguai, 80% são importados do Brasil, especificamente de São Paulo, onde muitos paraguaios ficaram desempregados com a pandemia, informou a autoridade à frente da Direção de Vigilância em Saúde, Guillermo Sequera.

Abdo havia dito na sexta-feira que, dada a situação que o Brasil vive hoje, não "passa pela cabeça dele abrir" a fronteira.

O presidente considerou que o Paraguai está contendo a pandemia, registrando um dos números mais baixos da região para mortes confirmadas pela doença e sem registros de mortes até o momento, em maio.

"Os casos positivos estão nos abrigos dos que retornaram", disse o presidente, que complementou:

"A boa notícia é que todos esses casos estão controlados."