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Prisioneiros em Los Angeles tentam contrair covid-19 para ganhar liberdade

Di Vasca
Imagem: Di Vasca

em Los Angeles (EUA)

11/05/2020 19h25

Compartilhando uma máscara ou um copo descartável, um grupo de detentos do condado de Los Angeles tentava se infectar com o novo coronavírus para forçar a sua libertação, informou o xerife local, Alex Villanueva.

"Havia uma crença errada entre a população carcerária de que, se testasse positivo, de alguma forma nos forçaria a libertar mais detentos do nosso entorno, o que não irá acontecer", afirmou Villanueva em entrevista coletiva.

O funcionário citou vídeos feitos por câmeras de segurança em meados de abril em dois módulos da prisão North County Correctional Facility, localizada em Castaic, a 67 km do centro da cidade de Los Angeles.

O primeiro vídeo mostra um detento compartilhando doses de água quente entre um grupo de companheiros que aguardavam numa fila para ver a enfermeira. "Estavam tentando aumentar suas leituras de temperatura, para fingir um dos sintomas", indicou Villanueva.

Em um segundo vídeo, os detentos dividem um copo descartável e respiram dentro de uma mesma máscara, que não se sabe se pertenceu a alguém infectado.

John Satterfield, tenente do departamento do xerife, informou que as imagens "são apenas uma amostra de outros vídeos que estão sendo analisados, e faz parte da investigação em andamento".

Nenhum dos detentos admitiu que tentava se infectar. Não está claro como o surto começou e se um destes presos estava doente, mas, segundo Villanueva, apenas nestes dois módulos, 21 detentos testaram positivo na semana dos vídeos.

"É triste pensar que alguém, deliberadamente, tente se expor à covid-19", comentou Villanueva, assinalando que 4.590 reclusos —ou 40% da população carcerária do condado— estão em quarentena e 357 testaram positivo, dos quais 117 já se recuperaram.

Segundo o xerife, 5 mil internos foram libertados dentro do plano para conter o vírus no sistema penitenciário, deixando a população carcerária em 11,7 mil, a maior do país.

"Se esta pandemia tivesse se espalhado enquanto tínhamos 17 mil detentos, o resultado teria sido catastrófico", assinalou.