Pandemia de covid-19 está 'longe de ter terminado'
A covid-19 "está longe de terminar", alertou Maria Van Kerkhove, responsável pelo gerenciamento da pandemia na Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em entrevista à AFP em Genebra, a cientista americana pediu que as pessoas se "preparem mentalmente", porque o novo coronavírus "ficará conosco por um tempo".
Ela também alertou que "desentendimentos" na ciência e na política tornam "ainda mais difícil" o combate ao coronavírus, que deixou 1,09 milhão de mortos e mais de 38,5 milhões de infectados no mundo, segundo balanço da AFP.
O diretor da seção Europa da OMS, Hans Kluge, anunciou que "aumenta o número de casos diários, as internações também. A covid já é a quinta causa de morte e já foi atingido o nível de 1.000 mortes por dia".
Com base nessas projeções, a OMS alertou que poderá ser alcançado um nível de mortalidade "quatro ou cinco vezes maior do que em abril" se as restrições forem suspensas prematuramente.
Os países, contudo, se preocupam com a recessão causada pela pandemia e a forma como ela afeta a vida social e cultural, os esportes, o mundo do trabalho, os sistemas de saúde e até as campanhas eleitorais.
Museus, recessão, eleições e pobreza
América Latina e Caribe é a região com mais óbitos no mundo, com mais de 373.000 mortes e 10 milhões de infecções.
O Peru, que iniciou uma reabertura gradual de museus e sítios arqueológicos, anunciou nesta quinta-feira que sua economia sofreu uma contração de 9,8% em agosto em relação ao mesmo mês de 2019, enquanto o PIB caiu 15,66% nos primeiros oito meses do ano. Ainda assim, esta é a menor queda mensal desde que o país declarou uma emergência sanitária em março.
Enquanto isso, a Costa Rica informou que a pobreza (renda mensal inferior a 80 dólares) atingiu 26,2% das famílias, o nível mais alto em quase três décadas. A pobreza extrema alcançou 7% das famílias. O aumento coincide com a forte alta do desemprego, que passou de 12,3% antes de março para 23,2% no trimestre junho-agosto.
O Chile, cuja economia caiu 11,3% em agosto, anunciou por sua vez que não suspenderá a quarentena em vigor em algumas áreas do país durante o plebiscito constitucional de 25 de outubro, embora permita que as pessoas compareçam às urnas sem restrições.
Os bolivianos, que no próximo domingo elegem um novo presidente, vivem uma tensa campanha eleitoral marcada pela polarização, pela deterioração econômica e pela pandemia.
Já os Estados Unidos, que vão às urnas em 3 de novembro, passam por uma campanha marcada pelo coronavírus, que tem causado estragos na Casa Branca, infectando a família presidencial, e em todo o país, o mais afetado em termos absolutos, com cerca de 217.000 mortes e quase 8 milhões de infecções.
O presidente Donald Trump, criticado por lidar com a crise de saúde e ficar muito atrás de seu rival democrata Joe Biden, disse que está disposto a aumentar a oferta do governo para desbloquear as negociações com os democratas sobre um novo pacote de ajuda financeira.
Kamala Harris, candidata a vice-presidente na chapa de Biden, anunciou a suspensão de suas viagens devido a casos de covid-19 em seu entorno.
"Evitar o confinamento generalizado"
A Europa, com 6,8 milhões de casos e mais de 245 mil mortes, está sofrendo uma retomada de grandes proporções nos casos, com uma disseminação significativa do coronavírus até mesmo em países que conseguiram derrotar a primeira onda, como a Alemanha.
A comissária europeia para a Saúde, Stella Kyriakides, pediu aos países da UE que façam "o que for necessário" para evitar um confinamento generalizado.
"O tempo é curto e todos devem fazer o que for necessário para evitar os devastadores efeitos sociais, econômicos e de saúde do confinamento generalizado", disse.
A possibilidade de um novo confinamento total é algo que a Europa não pode permitir, segundo a OMS. "Não podemos manter um bloqueio sustentável como o de março, que foi uma paralisação. A pressão e os danos colaterais sobre as pessoas foram muito altos", disse Kluge.
A Polônia, que declarou Varsóvia e outras cidades do país como "zona vermelha", anunciou um fechamento devido ao surto do vírus, pedindo à população para "ficar em casa" e "teletrabalhar".
Em Londres, os nove milhões de habitantes da cidade não poderão se encontrar com familiares e amigos em espaços fechados a partir de sábado, anunciou o governo, que colocou a capital em "alto" nível de alerta.
A França ultrapassou 30.000 novos casos de covid-19 em 24 horas na quinta-feira, pela primeira vez desde o lançamento dos testes em massa, informou a agência de saúde pública.
Em Paris e nas principais cidades do país, um toque de recolher noturno entrará em vigor no sábado por pelo menos um mês para reduzir a velocidade estonteante de infecções.
Na Espanha, onde o governo impôs estado de alarme em Madri na semana passada, o executivo central e as autoridades regionais estão travando uma verdadeira guerra de números para espanto de grande parte da população.
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